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Estado de Minas

Setembro traz alto risco de incêndio para as matas de Minas Gerais

Incêndios como os registrados nos últimos dias de agosto e na semana passada mantêm o estado em alerta ao longo de setembro, historicamente marcado por picos de queimadas


10/09/2017 06:00 - atualizado 10/09/2017 07:28

O Parque Estadual do Itacolomi fechou agosto em chamas, no incêdio que se aproximou de áreas urbanas(foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)
O Parque Estadual do Itacolomi fechou agosto em chamas, no incêdio que se aproximou de áreas urbanas (foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)

Vencida a batalha imposta pelo fogo nos parques estaduais do Itacolomi, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, e da Serra do Rola-Moça, na Grande BH, que consumiram 2,4 mil hectares de vegetação (equivalente a 2.470 campos de futebol), o desafio das autoridades do estado agora se volta para o risco que pode ser ainda maior trazido pelo mês de setembro.

Considerada uma temporada crítica, esse período de 30 dias marcado pela seca traz preocupação, pois nos últimos anos concentrou o maior percentual de área queimada em um único mês no estado.

Em setembro de 2016, as labaredas consumiram 39% de toda a vegetação destruída tanto dentro quanto no entorno das 92 áreas de conservação de Minas, e por isso a situação é de alerta.

Segundo o major Anderson Passos, comandante do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad) do Corpo de Bombeiros, o mês de setembro chega a concentrar até 50% da área queimada em um único período de seca.

Em todo o estado, já foram contratados quase todos os 288 brigadistas previstos pelo Previncêndio, força-tarefa do governo de Minas para combater os focos no período seco, e a estrutura conta ainda com a possibilidade de até 10 aviões e mais 10 helicópteros, entre aeronaves que são da Polícia Militar, bombeiros e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

Já os bombeiros vão intensificar a estratégia que vem sendo usada nos parques estaduais do Rola-Moça e Serra Verde, duas áreas de conservação onde as queimadas são recorrentes ano após ano, pelo fato de estarem em áreas urbanas. No Rola-Moça, a presença de alunos da Academia dos Bombeiros está sendo ampliada, e no Serra Verde os treinamentos serão constantes com militares do setor administrativo.

Os bombeiros vão intensificar a estratégia usada no Parque Estadual do Rola-Moça, onde as queimadas são recorrentes. Na última ocorrência, na semana passada, o fogo chegou a ameaçar condomínios(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Os bombeiros vão intensificar a estratégia usada no Parque Estadual do Rola-Moça, onde as queimadas são recorrentes. Na última ocorrência, na semana passada, o fogo chegou a ameaçar condomínios (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Na temporada seca do ano passado, mais de 23 mil hectares de vegetação foram destruídos pelas chamas, que se alastraram pelas unidades de conservação mineiras, segundo a Semad.

Mais de 9 mil hectares foram consumidos apenas em setembro, o que equivale a 39% da área queimada dentro e no entorno das unidades de conservação. Em nenhum mês o fogo destruiu tanta área verde quanto em setembro. A situação se repetiu em 2015, quando setembro liderou com o mesmo percentual (39%), e por isso a preocupação é grande.

A boa notícia é que a área queimada até agosto em 2017 está 77% menor do que a média para o mesmo período dos últimos cinco anos, segundo a Semad. De janeiro a agosto, o fogo consumiu, em média, 9,1 mil hectares dentro e no entorno das unidades de conservação mineiras por ano entre 2012 e 2016. De janeiro até 30 de agosto deste ano foram 2,9 mil hectares destruídos.

Nas últimas duas ocorrências de maior destaque nas áreas verdes de Minas, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) já contabilizou a área queimada, tanto no Itacolomi quanto no Rola-Moça. A avaliação feita após o incêndio no Itacolomi apontou 1.026 hectares destruídos pelo fogo, sendo 700 na parte interna e 326 no entorno, área que também é chamada de zona de amortecimento. Já no Rola-Moça, a análise do IEF apontou 1.451,8 hectares queimados, sendo 846,9 no entorno e 604,9 na parte interna do parque.

Militares do setor administrativo do Corpo de Bombeiros estão de prontidão, segundo o major Anderson Passos. O objetivo é deixar equipes desse setor previamente mobilizadas para fazer deslocamento mais pontual e mais ágil em caso de incêndios.

Na Cidade Administrativa, sede do governo estadual, 212 militares que atuam em funções fora do setor operacional foram divididos em equipes de 18 pessoas e estão participando de treinamentos no Parque Estadual Serra Verde, unidade na Região de Venda Nova, em BH, que pega fogo com frequência.

Já o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, que fica na Grande BH, tem sido visitado frequentemente pelos 775 alunos da Academia de Bombeiros, que estão recebendo aulas no local. “A presença dos militares nesses locais inibe a atuação de incendiários e permite ação mais ágil em caso de ocorrências”, diz o major.

A ocupação das áreas de conservação é a estratégia que também é chancelada pelo Previncêndio por meio da contratação temporária prevista de 288 brigadistas. Para Rodrigo Belo, que é diretor do Previncêndio, essa é uma medida muito importante, mas, pelo fato de haver 2 milhões de hectares de áreas de conservação em Minas, fica inviável o estado fazer a contratação de pessoas que ocupem todo esse espaço.

“É importante que a gente não tenha as ocorrências e isso está na mão da sociedade. Esse hábito de colocar fogo em qualquer lugar tem que mudar”, diz Rodrigo Belo.

Além da contratação de 288 brigadistas, o Previncêndio mantém um contrato com a possibilidade de uso de até 10 aviões simultâneos do modelo air-tractor, com capacidade para derramar até 3 mil litros de água sobre uma área que está se incendiando.

Quatro aeronaves desse tipo foram usadas durante o último incêndio no Rola-Moça. Outros 10 helicópteros, sendo seis da PM, dois dos bombeiros e dois da Semad, também podem ser usados. As aeronaves da PM e dos bombeiros têm outras atribuições e dependem da disponibilidade naquele momento. Dois helicópteros da Polícia Civil não têm condições de transportar água, mas podem levar equipes em atendimento a incêndios.

Rodrigo Belo ainda destaca que o mês de setembro é considerado de preocupação, assim como outubro, já que normalmente as chuvas aparecem mais para o fim do mês e por isso também é um período considerado crítico.

Ele explica que essa temporada é mais complicada devido às condições climáticas, que facilitam o aumento de proporção dos focos.

“Toda vez que tivermos temperatura alta e umidade baixa a gente vai ter condições muito propícias para que as ocorrências se desenvolvam com maior destaque. A grande dificuldade é quando a gente tem múltiplas ocorrências, que demandam muitos recursos”, afirma Rodrigo Belo.


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