A morte da família vítima do mais grave desastre recente no Anel Rodoviário de Belo Horizonte – no que o prefeito da capital, Alexandre Kalil (PHS), chegou a classificar como assassinato – fez a rodovia que corta a cidade chegar à marca de 21 óbitos apenas neste ano. Tragédias até certo ponto previsíveis e, segundo Kalil, evitáveis, atribuídas por ele à omissão do poder público federal em relação à estrada. Ao detalhar as ações judiciais para reivindicar a municipalização das pistas e a responsabilização por homicídio e lesão corporal do superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Minas Gerais, Fabiano Martins Cunha, o prefeito defendeu ser possível reduzir os acidentes fatais no trecho diminuindo o estado de abandono do corredor, por onde passam 160 mil veículos todos os dias.
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“Já estive com o Dnit e eles nunca deram resposta. O Anel não é questão de trafegabilidade.
Kalil afirmou que o Dnit conta com um orçamento de R$ 10 bilhões, mas que não faz nem a manutenção da pintura na parte que lhe cabe na rodovia. A administração das pistas é compartilhada com a Via-040, concessionária que mantém 10 quilômetros no trecho correspondente da BR-040, entre o Bairro Califórnia, na Região Noroeste da capital, e a continuação da rodovia na saída para o Rio de Janeiro, no Bairro Olhos D’Água, na Região Oeste.
AÇÃO NA JUSTIÇA Segundo o procurador-geral de BH, Tomaz de Aquino, a prefeitura entrou na Justiça Federal com ação civil pública contra a União, o Dnit, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Via-040. A ação foi distribuída para a 10ª Vara Federal e também pede a antecipação de tutela, com liminar.
Na ação civil pública, a PBH também pede que, com a municipalização, sejam transferidos ao município recursos para obras e manutenção. “Na verdade, se não houver recursos não tem como fazer as obras necessárias, que estão no projeto que já está pronto. Mas, evidentemente, ações que não demandam tantos recursos podem ser feitas imediatamente: mudar sinalização, colocar guardas que vão impedir que caminhões transitem pelas faixas em que não podem, combater o excesso de carga, pôr redutores de velocidade, enfim, tem muita coisa que pode ser feita, não demanda muita verba e não está sendo feita. Por isso os acidentes têm ocorrido”, afirma o procurador.
A Via-040 informou que, como ainda não foi notificada da ação, não vai comentar o caso, mesma postura assumida pela ANTT. O Dnit foi procurado pelo Estado de Minas, mas até o fechamento desta edição não se manifestou..