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Ao analisar as diferentes condutas imprudentes que levam às mortes, Pedro Barreiros lembra que muitos pedestres morrem cruzando o Anel pelo asfalto embaixo de passarelas, optando pelo menor tempo de travessia sem nenhuma segurança, diante da largura da rodovia e da velocidade dos veículos. “O problema é que atravessar uma via como o Anel Rodoviário não é como atravessar uma pista normal, pois o pedestre precisa cruzar três faixas de trânsito. Muitas vezes a pessoa atravessa a primeira e os acidentes acontecem na segunda ou na terceira”, afirma o tenente.
Outra situação que mostra imprudência é a conduta de motoqueiros que entram em alta velocidade nos corredores entre os automóveis. “Eles não ocupam uma faixa de rolamento e quando passam pelos corredores acabam surpreendidos pelo deslocamento de ar, principalmente com a passagem de veículos maiores, que é suficiente para derrubá-los”, acrescenta Barreiros.
Em relação ao transporte de cargas, o tenente destaca que caminhoneiros muitas vezes negligenciam o uso do freio motor.
A tragédia que vitimou a família do policial Dogmar Alves Monteiro, de 52 anos, foi provocada por um caminhão de minério que esmagou o carro. O investigador morreu no veículo, que se incendiou, com a mulher e o filho, um estudante de medicina de 21 anos do Centro Universitário UniBH. O desastre aconteceu em 6 de setembro. Segundo o motorista do caminhão, que está preso preventivamente, o pedal afundou e o freio não funcionou.
Essa última ocorrência fez o prefeito Alexandre Kalil acelerar os trâmites para tentar a municipalização do Anel. A Prefeitura de BH entrou com ação civil pública na Justiça Federal, reivindicando que o trecho de 26 quilômetros da via seja entregue à administração municipal. Além disso, encaminhou notícia-crime pedindo que o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) seja investigado pelo Ministério Público Federal por homicídio e lesão corporal culposos, prevaricação (não exercer funções de ofício) e pela contravenção penal de não sinalizar pontos de risco.
Questionado sobre o que a administração municipal poderia fazer caso assumisse o Anel Rodoviário, o prefeito afirmou que isso ainda seria estudado, mas garantiu que guardas municipais e a BHTrans poderiam desenvolver ações não para melhorar o trânsito, mas para salvar vidas, aumentando, por exemplo, a capacidade de fiscalização.
O tenente Barreiros garante que não falta fiscalização no Anel e acrescenta que a estrutura física ultrapassada aumenta o risco da imprudência na rodovia.
Números de uma tragédia de rotina
Veja o detalhamento dos acidentes e vítimas no Anel Rodoviário em 2017*
21
mortos
Pedestres
10 atropelados
Em motos
4 pilotos
1 garupa
Envolvendo caminhões
2 caminhoneiros
2 motoristas de automóveis
2 passageiros de automóveis
481
acidentes com vítima
605
feridos
397
acidentes sem vítima
Fonte: Polícia Militar Rodoviária
*De janeiro a 10 de setembro