A discussão sobre o que é considerado arte e o que é vandalismo ganha mais um episódio em Belo Horizonte. Um grafiteiro de 26 anos, autor de diversas mensagens escritas à caneta em lixeiras da capital, principalmente no Hipercentro, virou alvo de investigação e processo da Prefeitura de Belo Horizonte. Ele foi denunciado à Polícia Civil e vai participar de uma audiência no início de outubro. Inicialmente, terá que pagar multas e poderá ser acionado para limpar os equipamentos públicos.
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As inscrições nas lixeiras acabaram chamando a atenção e começaram a ganhar as redes sociais. Somente no Instagram, Felipe Arco tem mais de 100 mil seguidores, dos quais recebe milhares de mensagens.
Há pouco mais de um mês, ele recebeu uma intimação para prestar esclarecimentos na Delegacia de Meio Ambiente na capital. “Eles estavam com fotos de várias lixeiras. Disse que falaria na presença do meu advogado, mas fiquei muito preocupado, porque não tinha acontecido nada com as lixeiras”, conta.
Felipe Arco disse que procurou um advogado, com quem voltou à delegacia. “Ele viu que já havia duas multas. Uma seria na Justiça e a outra administrativa, da prefeitura”, conta. A audiência, segundo ele, está marcada para 5 de outubro no Juizado Especial Criminal, no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de Belo Horizonte.
“Provavelmente, não serei preso, mas o que meu advogado falou é que se eu não conseguir um diálogo com a prefeitura, eles vão continuar me mandando intimações e multas. Não vou parar de fazer o trabalho, e eles vão continuar me mandando multas”, diz o grafiteiro.
O rapaz diz lamentar que a situação tenha chegado à Justiça, e acredita que o problema seja a falta de diálogo.
Em sua defesa, Felipe Arco também destaca que recebe mensagens positivas de pessoas que viram suas mensagens. “Entendo perfeitamente o posicionamento da prefeitura, mas não sou inimigo, sou um aliado. A prefeitura está trabalhando para o bem-estar da população, e estou fazendo um trabalho voluntário para ajudar as pessoas.”, argumenta.
Questionado pelo Estado de Minas, o grafiteiro disse não descartar a possibilidade de fazer uma parceria com o Executivo Municipal para continuar com as intervenções. “Nunca pensei em algo assim, mas hoje, vendo o que se tornou, toparia fazer com a prefeitura”, indica, destacando que seu trabalho nunca foi político de forma partidária.
Contraponto
Segundo a Polícia Civil, a prefeitura, por meio da Secretaria de Serviço Urbanos, solicitou em 2016 à Delegacia de Crimes contra o Meio Ambiente levantamento de lixeiras que estavam pichadas. Segundo a Polícia Civil, foram juntadas provas da autoria e, por isso, lavrado com Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) para o Juizado Especial Criminal.
De acordo com assessoria do Fórum Lafayette, há dois procedimentos ativos contra Felipe Arco. Em ambos, o grafiteiro é enquadrado na Lei 9.605/98, especificamente pelo artigo 65, que dispõe sobre pichação.