A Polícia Civil de Ouro Preto, na Região Central do estado, investiga denúncias de um suposto abuso de militares da cidade ao prenderem uma jovem e seu namorado, além da violação das prerrogativas do advogado do casal, que acabou detido e teve seu aparelho de celular apreendido, quando filmava a ação.
Em vídeo gravado pelo advogado Y., de 31 anos, percebe-se o momento em que os PMs colocam a jovem F., de 25, na parte de trás da viatura. Aparece somente as botas dela, enquanto se ouve o advogado contestando a ação dos militares. Na sequência, a imagem sugere que um policial vai ao encontro do defensor e lhe toma o aparelho de celular.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado pelos militares do 52º Batalhão da PM, de Ouro Preto, eles estavam em patrulhamento de rotina na Rodovia do Contorno, no Bairro Nossa Senhora do Carmo, quando perceberam o casal brigando, em frente à boate Uzzo. A jovem teria agredido seu namorado T., de 37, com o salto da bota, o ferindo no rosto. E ainda quebrou o retrovisor do carro dele.
Segundo relato dos militares, no BO, o casal se demonstrava alterado, possivelmente sob efeito de bebida alcoólica ou entorpecente. Eles então deram ordem de prisão à jovem por lesão corporal e orientaram seu namorado a não dirigir o veículo. Mas ele teria entrado no automóvel e estacionado num posto de combustível.
Os PMs afirmaram que, na tentativa de colocar F. na parte de trás da viatura, ela reagiu e teve que ser algemada, ficando ferida na coxa e cotovelo esquerdo. E acrescentam ainda que, ao debater, a jovem atingiu o rosto de um dos militares com um chute, o que tornou necessário o uso de força para contê-la.
Ela e o namorado foram levados para o plantão da Polícia Civil pelos crimes de resistência e desobediência. Contra T. também foi relatado que ele dirigia embriagado. Já o advogado, foi acusado de prejudicar a ação policial durante a prisão de seus clientes.
O delegado de plantão, Marcelo Castro, frente as versões dos militares, as denúncias de abuso de autoridade contra o casal e seu advogado e, por entender que se tratavam de acusações de crimes de menor potencial, preferiu ouvir todos os envolvidos e solicitou a realização de exame de corpo de delito deles. O caso então foi repassado para investigações posteriores da delegacia responsável pela área, com liberação da jovem, seu namorado e o defensor.
O presidente da subseção da OAB, em Ouro Preto, Márcio Edmundo, disse que na semana seguinte ao fato encaminhou relatório e cópia do BO para análise da Comissão de Prerrogativas. Ele não quis falar sobre o caso, já que teria se comprometido junto ao comando da PM da região de aguardar as apurações. O advogado do defensor, Zaqueu Astoni, também disse que prefere aguardar o resultado das investigações. O comandante do 52º BPM, tenente-coronel Winder Rodrigues, não foi encontrado em seu telefone celular para apresentar a posição da corporação.