Jornal Estado de Minas

Polícia retoma investigações para encontrar quem matou Emily Ferrari

- Foto: Polícia Civil/Divulgação
O desaparecimento da menina Emily Ketlen Ferrari, ocorrido em Rio Pardo de Minas há mais de quatro anos, teve um desfecho trágico, que encerrou um mistério e deu início a outro. A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou ontem que exames de DNA atestaram que uma ossada encontrada na cidade é da garota, que sumiu aos 7 anos, em 4 de maio de 2013, quando brincava na frente de casa. O caso mobilizou a população do município da Região Norte do estado, a 740 quilômetros de Belo Horizonte, e alcançou repercussão nacional. Mas, se agora sabe-se que Emily está morta, perguntas fundamentais continuam sem respostas: quem a matou, e por quê? A polícia ainda não tem informações sobre suspeitos ou motivação do crime.


Depois de uma busca que mobilizou até a Interpol, sem nenhuma pista do paradeiro da menina, em 27 de abril deste ano foram encontrados restos mortais de uma criança à beira de uma estrada, na localidade de Alazão, na zona rural de Rio Pardo de Minas, a oito quilômetros da sede urbana. Em maio, o material foi encaminhado para exames de DNA no IML em Belo Horizonte.

O delegado Luis Cláudio Freitas do Nascimento, responsável pelo caso, afirmou que se “trata de um crime bárbaro, de homicídio qualificado com ocultação de cadáver”. Em entrevista ao Estado de Minas, ele disse que não tem nenhuma informação sobre suspeitos e admitiu que as investigações recomeçam praticamente no zero. “Teremos que agir com muita calma. Terá que ser um trabalho muito sério, sem pressão, para darmos um tiro certo e chegaremos à pessoa que cometeu esse bárbaro crime”, afirmou.

Luiz Claudio Nascimento informou que novas diligências serão iniciadas nos próximos dias.

“Pessoas que já foram ouvidas serão chamadas novamente para prestar depoimentos. Também pretendemos ouvir novas testemunhas”, assegurou. O policial afirmou que o crânio da vítima estava intacto, o que mostra que ela não foi morta por tiro na cabeça. Como foi encontrada somente a ossada, não foi possível identificar se a menina foi vítima de violência física ou sexual, disse o policial.

Nascimento lembrou que pouco meses após o sumiço de Emily, em julho de 2013, as investigações foram transferidas para a Delegacia de Pessoas Desaparecidas, em Belo Horizonte, onde ficaram sob responsabilidade da delegada Cristina Coeli. Uma equipe da unidade especializada também esteve em Rio Pardo.

Somente em maio deste ano, após a localização da ossada, o caso retornou para a delegacia de Rio Pardo. O delegado informou que nas investigações vai levar em consideração a informação sobre um misterioso carro preto, que foi visto nas imediações da casa da família no dia do desaparecimento.

BUSCAS O sumiço de Emily mobilizou a população de Rio Pardo, que fez uma campanha com adesivos em veículos, cartazes e divulgação nas redes sociais em busca de informações. Com o mesmo objetivo foi formada uma força-tarefa, envolvendo Polícia Civil e órgãos da área de direitos humanos.
Fotos de Emily chegaram a ser divulgadas durante movimentos voltados para a localização de crianças desaparecidas realizados em jogos da Seleção Brasileira e do Atlético Mineiro. Em novembro de 2013, um empresário de Rio Pardo chegou a oferecer R$ 50 mil para quem informasse o paradeiro da criança.

Ontem, assim que foi divulgada a notícia da descoberta dos restos mortais da menina, houve uma grande comoção na cidade. Centenas de mensagens foram postadas em redes sociais por pessoas que se solidarizavam com a família. O advogado Diogo Emanuel Domingos, constituído por parentes de Emily, informou que a mãe da menina, a esteticista Tatiane Ferrari, está inconformada. “A mãe tinha esperança de encontrá-la viva. Mesmo como o exame técnico, ela não se conforma. Disse que continua querendo a filha de volta. A família está destroçada”, afirmou o advogado.
“Eu também me envolvi emocionalmente e estou igualmente arrasado”, revelou Diogo.

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