Dois painéis que há quase 60 anos se incorporaram à paisagem de duas importantes avenidas de Belo Horizonte são alvos de situações diferentes. Um está sendo reformado, embora a conclusão da obra esteja quase seis meses atrasada, na Amazonas. Trata-se do Oficinas, pintura encomendada pelo presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) e inspirado na obra de Cândido Portinari (1903-1962), exposto no muro do câmpus 1 do Cefet-MG, no Bairro Nova Suissa (Região Oeste) e que deve ficar pronto no fim do ano ou no início de 2018.
O outro é a obra do ceramista Mario Silésio, na sede do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), na Avenida João Pinheiro, Centro. O órgão, em parceria com a Fundação Municipal de Belo Horizonte e Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), busca alternativas para a restauração do painel.
Ambos são do fim da década de 1950. O mais antigo, pintado em 1958, no ano da inaguração do Cefet, é o Oficinas, assinado pelo artista plástico João Guimarães Vieira, o Guima. A pintura deverá ser protegida por um vidro. A restauração começou em agosto de 2016 e deveria ter ficado pronta em março de 2017. O Cefet atribuiu o atraso a dois fatores.
“Primeiro, devido à compra do material necessário à restauração.
A economia foi em torno de R$ 250 mil, de cerca de R$ 300 mil para uma cifra de aproximadamente R$ 50 mil. A restauração é chefiada pelo professor de artes aposentado no Cefet Bruno Lombardi, o mesmo que restaurou o Grande Hotel em Araxá, no Alto Paranaíba. O profissional foi o responsável pela única grande reforma da pintura, ocorrida em 1982.
“Fizemos a restauração na parte de alvenaria. Tiramos toda parte podre, aproveitando ao máximo o que tinha de registro e da parede anterior para que a recuperação fosse a mais fiel possível. É um trabalho complexo, difícil, mas me honra muito devolvê-lo à comunidade.
“O trabalho da equipe de Lombardi inclui a recuperação de parte da alvenaria, o reforço nos traços do desenho e nas cores de fundo. Castigado pelo tempo, o painel foi danificado por infiltração. Mas por outro fato inusitado. Em 2013, um pedreiro que trabalhava no conserto de paredes do Cefet cobriu parte do painel com cimento.
O painel no Detran, datado de 1959, foi construído com azulejos nas cores azul, amarelo, vermelho e branco. A obra mede 12,5 metros por 2,60 metros. De acordo com o Iepha, “em 2011, foi realizado, a pedido do Detran, um laudo técnico do estado de conservação do painel e três desenhos específicos (não foram informados quais), contendo proposta detalhada para a proteção da obra, bem como projeto básico contendo orientações para proteção do painel, instalado na fachada principal do prédio do Detran”.
De acordo com o Iepha, “a proposta consistia em proteger o painel por meio de estrutura confeccionada em madeira e faceamento, com a fixação de placas de madeirite, sem contato com o painel.
A proteção foi executada. Todas as etapas foram acompanhadas pelos técnicos do Iepha e devidamente documentadas. “Os trabalhos foram concluídos dentro das normas estabelecidas pelo instituto. Contudo, é necessária a elaboração de projeto de intervenção com levantamento de custos para a execução da obra de restauração, tendo em vista as ações conjuntas já iniciadas pelo Iepha e pelo Detran em 2013”, concluiu o órgão do patrimônio histórico..