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Segundo ela, de imediato, haverá uma rápida oferta de banheiros públicos no Hipercentro, assim como de estruturas para que os moradores possam guardar seus pertences: “Será uma espécie de guarda-volumes que eles podem acessar com liberdade a qualquer hora do dia e da noite”, disse. A promessa é que a ação seja “bastante diferente do que foi feito no passado”. Maria Clara diz que “as pessoas que serão abordadas pelos fiscais terão os direitos assegurados e seus pertences pessoais não serão apreendidos”. Com isso, a PBH espera que o “restante do material” possa ser apreendido com documento que o identifique. O morador terá prazo de 30 dias para retirá-lo do depósito.
OPORTUNIDADES A PBH anunciou também que deve construir uma unidade de acolhimento na Avenida Paraná, Centro, com cerca de 120 vagas, com previsão de inauguração ainda neste ano. Atualmente, há cerca de 900 vagas de acolhimento na capital, nas modalidades casas de passagem, abrigos e condomínios sociais. Elas se dividem entre 400 vagas no Abrigo Tia Branca, 200 no Abrigo São Paulo, 28 cômodos para cerca de 90 pessoas no Abrigo Pompeia, 20 cômodos para 60 pessoas no Abrigo Granja de Freitas, além de 124 vagas no Abrigo Reviver e Fábio Alves. São feitas, em média de 120 abordagens por dia nas nove regionais da cidade.
A proposta inclui um projeto de Lei que será enviado à Câmara Municipal visando à inclusão das pessoas em situação de rua no mercado de trabalho. “A ideia é que tanto a SLU quanto a Sudecap utilizem a mão de obra das pessoas previamente encaminhadas pela assistência social – aquelas pessoas que já estejam aptas a entrar no mercado e tenham o perfil adequado. Assim, seja por terceirizados ou pela própria SLU e Sudecap, a contratação pode ser feita para atender a demanda da cidade”, explica o secretário de Desenvolvimento Econômico da PBH, Bruno Miranda. Ainda não há um número de vagas estabelecido.
Já a Secretaria Municipal de Educação, por meio da Ângela Imaculada Loureiro, também anunciou que moradores em situação de rua terão matrículas em espaços escolares garantidas em qualquer época do ano. Além disso, informou, eventos culturais serão organizados, assim como a criação de uma associação com alcoólicos e narcóticos anônimos para fazer oficinas em espaços escolares direcionadas a esse grupo. *Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia
Entre a esperança e o medo
Com os cobertores no chão próximo ao Viaduto Dona Helena Greco, na Região Central de Belo Horizonte, Adalto de Diniz, de 37 anos, é uma das muitas pessoas que foram viver ao relento após um conflito familiar, mas que tem o sonho de sair das calçadas. “É falta de oportunidade. Gostaria muito de voltar a trabalhar. Já fui pedreiro, mas tudo ficou mais difícil quando precisei morar na rua. As pessoas não querem contratar alguém que não tenha moradia fixa. Estou esperando minha vez e, se Deus quiser, sei que vai chegar”, contou. Ele ficou satisfeito com as novas propostas apresentadas pela prefeitura, mas receoso sobre como será feita a abordagem dos fiscais: “Quero ver como vai ser, eles chegam aqui e nem perguntam. Levam tudo”, contou ele, ao lado do colega Daniel Freire, de 28, que concorda.
Adalto contou que já tentou procurar um abrigo para dormir, mas que o Tia Branca estava lotado na ocasião.
Já Rosimeire de Souza, de 54, não aceita ir para unidades de acolhimento: “É um lugar sujo, muito lotado. Uma bagunça”. Ela, que já vive nas ruas da capital há cerca de 30 anos, se mostrou resistente às ações propostas e afirma não acreditar que sejam aplicadas de forma efetiva. “Eles falam isso tudo, mas depois chegam aqui e tomam tudo da gente. Já levaram roupas, cobertores, tudo”, lamenta.
Números crescentes
Dados divulgados em julho pela Secretaria Municipal de Políticas Sociais mostram que o número de pessoas em situação de rua na capital mineira cresceu 31% desde janeiro.