O professor de história mineiro Di Gianne de Oliveira Nunes está entre os 10 vencedores do “Oscar da educação”. Di Gianne, que leciona há 10 anos, colocou em prática um novo método para prender a atenção de seus alunos da Educação de Jovens e Adultos e Ensino Médio (EJA) da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) em Lagoa da Prata, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais: usou a Bíblia para ensinar história aos seus alunos. O prêmio, que reconhece professores de todo o país, foi criado há 19 anos e já reconheceu 211 educadores. Este ano, a Fundação Victor Civita recebeu 5.006 projetos inscritos e 10 foram vencedores da categoria Educadores Nota 10. Di Gianne é o único que representa o estado de Minas Gerais e recebeu o reconhecimento. Agora, concorre como Educador do Ano.
O primeiro desafio enfrentado pelo docente foi separar a fé do histórico. “O cenário da Bíblia é histórico e fértil. Mergulhamos em um trabalho intenso para estudar, analisando as tradições, as culturas e as sociedades dos romanos e dos gregos. Como no presídio os alunos não têm acesso à internet, usamos a Bíblia e os livros de história. Ora líamos um, ora outro e, depois, discutíamos se o fato era comprovado pela arquelogia”, conta. Os alunos aprenderam e se dedicaram: “Eles ficavam ansiosos para as aulas”, diz.
As aulas ajudam, inclusive, em outras disciplinas, como literatura e atualidades, para entender os conflitos no Oriente Médio hoje. “Mudou o rendimento na sala de aula. Até na biologia, a lepra, por exemplo, muito citada na Bíblia. Ainda tem preconceito e isso vem desde a época. E tudo isso a gente vai refletindo, desconstruindo.” Além disso, a autoestima dos alunos aumentou e eles ficaram mais confiantes. “A mãe de aluno me ligou e disse, chorando: ‘Meu filho só tinha saído no jornal em páginas policial e, agora, todo mundo voltou a acreditar nele. De repente, ele era vencedor num projeto educacional em nível nacional”, lembra o professor.
Como ele ficou entre os 10 vencedores recebeu R$15 mil. Di Gianne resolveu devidir o valor entre os alunos da turma do EJA: “Nada mais justo. Eles são os protagonistas”, comentou. Agora, no fim de outubro, o professor vai à capital paulista junto com os outros docentes para concorrer ao título de Educador do Ano. Caso fique em primeiro lugar, receberá um vale presente de R$ 5 mil para a escola onde aplicou o trabalho e outro, em igual valor, de R$5 mil, para a escola onde aplicou o trabalho.