Todos os meses, a empregada doméstica Eunice Augusta da Silva, de 43 anos, segue até o posto de saúde do Bairro Confisco, na Região da Pampulha, para pegar insulina. Mas tem voltado para casa sem o hormônio essencial para o tratamento contra diabetes. A Secretaria de Estado de Saúde (SES), responsável pelo repasse do medicamento para a administração municipal, afirma que a escassez de recursos impactou no abastecimento. Sem a aplicação por um longo período, os diabéticos ficam mais sujeitos à elevação da glicose e complicações da doença, como infecções. Os pacientes sofrem desde o início do ano também com irregularidade no fornecimento da fita de glicemia, usada para medir a glicose no sangue, o que obrigou o prefeito Alexandre Kalil (PHS) a fazer uma compra emergencial de 250 mil unidades do produto.
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Nos postos do Sistema Único de Saúde (SUS) estão disponíveis dois tipos de insulina. Uma de duração intermediária e outra rápida. Há, ainda, a super-rápida e a Glargina, que é de longa duração. Porém, para ter acesso a essas duas é preciso um protocolo específico. De acordo com o médico Paulo Miranda, a falta do hormônio pode provocar danos à saúde dos pacientes, principalmente os que usam o medicamento que está em falta.
“A pessoa que fica sem a medicação tem que voltar ao médico e retomar um tratamento que é acompanhado e com maior risco de hipoglicemia. Ela volta a um tratamento que não foi eficaz no controle glicêmico”, disse. “Sem a insulina, o paciente tem a elevação da glicose, aumento da frequência e quantidade da urina, muita sede e perda de peso.
Para o diretor, a falha de distribuição mancha um programa que vinha dando certo. “É um importante programa, diferenciado. Leva uma medicação de alto custo até os pacientes. Tem que ser mantido, tendo em vista os benefícios para os pacientes. Não pode ter falhas, pois perde o seu valor”, criticou.
INSUFICIÊNCIA Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA), afirmou que há cinco meses o repasse está irregular. “Em maio, a SMSA recebeu quantitativo abaixo da demanda da SES. Nos meses de junho e julho, não houve fornecimento da insulina Glargina. Já em agosto, novamente a SMSA recebeu quantitativo insuficiente para atender à demanda. Seriam necessários 2.187 refis de 3ml e 60 frascos de 10ml e foram entregues 1.243 refis e 60 frascos”, disse. A pasta informou que a previsão é que nesta semana seja feito um novo repasse.
Já a SES admitiu que há atraso no repasse da insulina.