A Copasa reagiu, neste sábado, ao pedido de intervenção feito pela prefeitura de Bom Despacho, Região Centro-Oeste de Minas Gerais, por causa do desabastecimento de água no município, de 50 mil habitantes. Por meio de nota, enviada nesta noite, a Companhia afirmou que a cidade para pela “pior crise hídrica” e que chegou “a proporções inimagináveis, a partir do mês de agosto/2017”. Se defendeu dizendo que já vem tomando medidas para sanar a situação e que “não foi negligente com suas responsabilidades”.
O pedido de intervenção da Copasa foi feita por meio de um decreto publicado nessa sexta-feira. O prefeito Fernando Cabral destituiu o comando da empresa no município e nomeou como interventor o secretário de Administração, Denis Carvalho. Ele vai assumir o controle das operações locais da Companhia, incluindo pessoal, material, equipamento e instalações. Na terça-feira, a prefeitura notificou a companhia, dando prazo de 24 horas para a regularização do abastecimento. A Copasa pediu prazo, mas como o problema não foi solucionado foi feita a intervenção.
Em nota divulgada neste sábado, a Copasa explicou as ações que vem tomando no município para contar “a pior crise hídrica vivida em Bom Despacho”. “Para enfrentar a pior seca de Bom Despacho, a Copasa iniciou, em 10 de agosto passado, campanhas de conscientização junto à população, veiculadas em rádios, jornal, portal e outdoors, e foi obrigada a implantar um rodízio no abastecimento, a partir do dia 25 de agosto, além de dar sequência a outras ações, visando estruturar o sistema para eventual necessidade de complementar a vazão necessária para o atendimento à população”, explicou .
A empresa informou que em julho deste ano, iniciou pesquisas hidrológicas e os estudos técnicos em campo, quando a vazão do Rio Capivari, que abastece a cidade, estava sem alterações. A medida precedem a perfuração de poços. Disse, também, que formatou a campanha educativa para consumo consciente de água na cidade. “Todas essas ações tiveram caráter preventivo, dadas as perspectivas de poucas chuvas ao fim do período de estiagem. Entre junho e agosto, foram perfurados e equipados três poços profundos. Atualmente, mais um poço está sendo perfurado e a Copasa está trabalhando na locação de áreas para instalar mais poços, dado o atual déficit observado no Rio Capivari. O trabalho está sendo realizado por uma perfuratriz e, para agilizar o processo, equipamentos adicionais já estão mobilizados”, comentou no documento.
Desde agosto, segundo a Copasa, está sendo realizado rodízio no abastecimento por causa da redução da quantidade de água no Rio Capivari. A Companhia alega que mobiliza carretas-tanque de 30 m³, caminhões-pipa de 20m³ e de 10 m³, com objetivo de diminuir os transtornos od moradores. “A perfuração de poços requer, a partir da sua localização, a instalação de tubulação adutora para transporte da água do poço até pontos de distribuição. Os tubos já foram adquiridos, parte dos mesmos já se encontra na cidade e o restante será entregue nos próximos dias”, justificou.
“As ações estão em andamento, a empresa não foi negligente com suas responsabilidades e mantém-se mobilizada para a solução dos problemas dentro das possibilidades técnicas que os procedimentos de engenharia demandam. A crise hídrica afeta todo o país e, em Minas Gerais, não tem sido diferente”, completou a Copasa.
Liminar
A pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Justiça deferiu liminar determinando que a Copasa restabeleça, em 48 horas, o fornecimento de água no município de Bom Despacho, no Centro-Oeste do estado. A decisão foi proferida em Ação Civil Pública que cobra da empresa medidas urgentes para restabelecer o fornecimento de água aos moradores, inclusive por meio de caminhões-pipa e de poços artesianos.
A 1ª Vara da Comarca de Bom Despacho determinou ainda que a concessionária elabore em 30 dias um diagnóstico do sistema hídrico do município, especificando, entre outras coisas, capacidade, deficiências e tempo estimado para restabelecer de forma contínua o fornecimento de água. Foi estabelecida multa diária de R$ 50 mil para o caso de descumprimento das determinações.
Segundo o promotor de Justiça Giovani Avelar Vieira, um Inquérito Civil concluiu que a Copasa contribuiu para a crise de abastecimento de água, vivenciada atualmente em Bom Despacho, pois a empresa não teria adotado as medidas necessárias para impedir essa situação, fazendo com que, desde agosto deste ano, vários bairros do município passassem por racionamento de água. Essa situação fez com que 63 moradores procurassem o MPMG alegando falta d’água em suas casas. Até escolas e hospitais estariam sofrendo com o desabastecimento.