Jornal Estado de Minas

Brancos ingressam no curso de medicina da UFMG em cota para negros

Brancos estão ingressando no curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fazendo o uso do sistema de cotas da instituição, criado em 2009. As fraudes no sistema foram relevadas por reportagem publicada neste domingo na Folha de S. Paulo.

A universidade respondeu ao jornal estar ciente dos possíveis desvios no programa de ações afirmativas e informou que vai aperfeiçoar o sistema de cotas e investiga denúncias que foram oficializadas.

O mais inquietante entre a comunidade acadêmica é de um calouro, de 23 anos, que, embora tenha se autodeclarado negro na instituição, tem cabelos loiros, pele e olhos claros.

Os alunos procurados pela Folha não quiseram se manifestar. Uma delas se limitou a dizer: “Prefiro manter minhas concepções pra mim”, afirmou. Quando o candidato se autodeclara negro, pardo ou índio no sistema de cotas da UFMG, concorre a uma vaga dentro desse subgrupo.

As notas de cortes para cotistas são até 28 pontos menores no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em relação ao da ampla concorrência.

Negra, uma estudante de 25 anos teve que esperar sete meses em lista de espera antes de ser chamada para uma vaga na medicina da UFMG. “Quando você vê uma pessoa de pele branca e olhos azuis entrar na sua frente, porque se autodeclarou negra de uma forma absurda, a sensação é de extrema revolta”, diz.

A UFMG não revela quantas denúncias sobre fraudes no sistema estão em análise, mas reforça que, se constatada a irregularidade, o aluno terá sua matrícula cancelada. Os trabalhos de investigação estão em fase final..