O Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se posicionou sobre a denúncia de que estudantes brancos usaram o sistema de cotas para negros para entrar no curso.
A instituição prepara-se para concluir sindicância, aberta no ano passado, para apurar possíveis fraudes no sistema de ingresso de estudantes por cotas raciais em vários cursos, entre eles da graduação em medicina. O levantamento do perfil dos alunos começou a ser feito a partir de matéria publicada pelo Estado de Minas, em abril de 2016, sobre denúncias feitas por movimentos negros. A instituição, que também recebeu denúncias em sua ouvidoria, vai começar no ano que vem a discutir junto a escolas de ensino médio sobre a Lei de Cotas e a exigir uma declaração por escrito de quem se autodefinir como negro ou pardo.
“O Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB) reconhece e apoia a política de cotas raciais para acesso ao ensino superior,agindo como forma de reparo à marginalização socioeconômica histórica da população negra. Também reconhece que fraudes nesse sistema, infelizmente, têm ocorrido, e necessitam ser averiguadas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)”, informou o grupo representantes dos estudantes, por meio de nota publicada em sua página no Facebook.
Ainda segundo a nota, “Para o DAAB, a UFMG precisa encontrar formas de coibir tais ações fraudulentas, de modo que a finalidade da política de ações afirmativas se instaure de maneira efetiva”. Leia o texto na íntegra:
"O Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB) reconhece e apoia a política de cotas raciais para acesso ao ensino superior,agindo como forma de reparo à marginalização socioeconômica histórica da população negra. Também reconhece que fraudes nesse sistema, infelizmente, têm ocorrido, e necessitam ser averiguadas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para o DAAB, a UFMG precisa encontrar formas de coibir tais ações fraudulentas, de modo que a finalidade da política de ações afirmativas se instaure de maneira efetiva. Assim, tanto a Faculdade de Medicina quanto a Universidade como um todo poderão deixar de ser ambientes tão elitizados e de reprodução constante de opressões. Desse modo, tais espaços estarão aptos a se tornar mais democráticos, pintando-se, assim, com a verdadeira face do povo brasileiro.
Importante salientar, que embora o posicionamento da UFMG demonstre o início de uma possível reação aos fatos que são noticiados, esta reação é ainda incipiente frente ao real tamanho do problema. Não obstante, devemos lembrar que os fatos indicam a necessidade de correções na Política Nacional de Cotas de acesso às IES, e isto em hipótese alguma deve ser confundido com a abolição das Políticas Afirmativas, que são de fundamental e incontestável importância para a construção de uma sociedade equânime."