O estudante do primeiro período de medicina Vinícius Loures de Oliveira confirmou na manhã desta quarta-feira ao Estado de Minas que cancelou sua matrícula na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Vinícius, que fez breve comunicado em contato por mensagem de texto, é um dos estudantes envolvido na polêmica sobre suposta candidatura irregular ao sistema de cotas raciais na instituição. Na noite de terça-feira, o EM tentou ouvi-lo sobre a questão, por telefone. O universitário afirmou apenas que os dias têm sido difíceis desde que a controvérsia começou, e se limitou a dizer: “Fui orientado a não falar mais sobre o assunto."
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Em abril de 2016, o EM mostrou na reportagem “Movimentos negros denunciam fraude nas cotas raciais da UFMG”, que os mecanismos da universidade permitiam barrar fraudes somente em relação à condição de estudantes terem cursado escolas públicas e declarado baixa renda.
Outra estudante que se viu envolvida na controvérsia, Rhuanna Laurent Silva Ribeiro, de 19 anos, abalada emocionalmente com a situação, precisou de atendimento no Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes da Faculdade de Medicina (Napem). “Ela ainda não conseguiu reiniciar as aulas. Estamos fazendo um grande esforço para que ele não desista da faculdade”, disse o pai da universitária, Gilberto José da Silva. A universitária, que se autodeclarou parda, reiterou a condição em entrevista ao Estado de Minas: “Eu me autodeclarei parda, pois é o que sou. Descendo de negros e índios.
Diante da polêmica, o EM mostra em sua edição de hoje que o governo federal revisa o sistema de cotas raciais na tentativa de impedir fraudes na política de ingresso às universidades públicas do país. Na terça-feira, ao anunciar que haverá cobrança de mais rigor para verificar a condição de alunos que se autodeclararem negros, pardos ou indígenas no processo seletivo, o secretário especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo, atribuiu à UFMG a responsabilidade por supostas irregularidades no acesso de alunos a vagas reservadas no curso de medicina da instituição.
“A universidade não acatou a orientação do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou, por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, de 2012, que não é suficiente o aluno se autodeclarar pardo ou negro para ter direito à cota. É necessária a criação de mecanismos para impedir as fraudes.”
O Estado de Minas entrou em contado com a UFMG sobre o assunto e aguarda retorno..