A denúncia sobre fraude no sistema de cotas raciais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tira da sala de aula um futuro médico, quase no fim do período letivo, e também adia a oportunidade para outro estudante interessado em seguir a profissão. O aluno do segundo período Vinícius Loures de Oliveira, residente em Belo Horizonte, confirmou ontem ao Estado de Minas ter cancelado a matrícula na Faculdade de Medicina da instituição, considerada a maior universidade pública do estado. Vinícius, que fez breve comunicado em contato por mensagem de texto, é um dos estudantes envolvidos na polêmica sobre suposta candidatura irregular ao sistema de cotas raciais na Federal.
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Até o fim da tarde de ontem, a UFMG não confirmava o cancelamento da matrícula do estudante de medicina. De acordo com a instituição, em casos como esse, se o universitário sai do curso a vaga no próximo semestre é considerada remanescente, ou ociosa por motivo como abandono. A vaga, então, é destinada pela universidade a transferência, reopção de curso ou obtenção de novo título. Assim, não haverá nova chamada para o curso de medicina e o posto não será usado para efeito de cota com perfil étnico, diante da proximidade com o fim do semestre e da existência de um período legal para convocar estudantes.
ABALO Outra estudante que se viu envolvida na controvérsia, Rhuanna Laurent Silva Ribeiro, de 19 anos, abalada emocionalmente com a situação, precisou de atendimento no Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes da Faculdade de Medicina. “Ela ainda não conseguiu reiniciar as aulas. Estamos fazendo um grande esforço para que não desista da faculdade”, disse o pai da universitária, Gilberto José da Silva.
Diante da polêmica, o EM mostrou em sua edição de ontem que o governo federal revisa o sistema de cotas raciais, na tentativa de impedir fraudes na política de ingresso nas universidades públicas. Na terça-feira, ao anunciar que haverá cobrança de mais rigor para verificar a condição de alunos que se autodeclararem negros, pardos ou indígenas no processo seletivo, o secretário especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo, atribuiu à UFMG a responsabilidade por supostas irregularidades no acesso de alunos a vagas reservadas no curso de medicina da instituição, por não ter criado comissão que avalie aspectos físicos dos candidatos a cotas raciais..