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Estado de Minas

Desiludido, atingido pela lama da Samarco vai deixar Barra Longa

O empresário Antônio Luiz Gonçalves perdeu uma casa de dois andares que funcionava como pousada e restaurante


postado em 01/10/2017 06:00 / atualizado em 01/10/2017 07:45

Cansado das disputas por indenização, Antônio Gonçalves desistiu do espaço que ergueu para a família e vai deixar Barra Longa(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Cansado das disputas por indenização, Antônio Gonçalves desistiu do espaço que ergueu para a família e vai deixar Barra Longa (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

A esperança de reformar a casa de dois andares na beira do Rio do Carmo, que além de servir de moradia também funcionava como pousada e restaurante, acabou. Depois de dois anos lutando com a Samarco, a Fundação Renova e a Prefeitura de Barra Longa, chegando a contratar engenheiros independentes, o empresário Antônio Luiz Gonçalves, de 59 anos, desistiu do espaço que ergueu para a família.

Mais do que isso, o desgaste e o desgosto o motivam a deixar de vez a cidade natal e se mudar para a vizinha Ponte Nova, a 62 quilômetros de distância. “A lama e a Samarco me venceram. Estou decepcionado e desiludido. Vou aceitar a indenização que se propuseram a me pagar e vou embora sem deixar meu endereço. Fiquei muito magoado, especialmente com a prefeitura”, desabafou.

Os esforços para reformar a casa onde vivia com a família foram muito grandes. Com mais quatro homens conseguiu remover 40 caçambas de lama que entupiram a parte de baixo da pousada e do restaurante.

Muita coisa se perdeu, petrificada na massa de minério pastosa que se solidificou. Fogões, camas, geladeiras, colchões, mesas, cadeiras, estantes e vários outros móveis. De acordo com ele, o engenheiro contratado emitiu um laudo dizendo ser possível reforçar a estrutura da casa e depois reformá-la.

“Como pode a prefeitura, que não tem um engenheiro na Defesa Civil, ir contra o laudo de um profissional que contratei para isso? Isso foge à alçada dos advogados da Procuradoria e pode, sim, entrar na questão de política e de relacionamento com a Samarco, que sempre quis que eu saísse”.

No entanto, segundo o procurador do município, Geraldo Alex Miranda Bailão, realmente a Defesa Civil não dispõe de engenheiro, por estar proibida de contratar sem licitação, aguardando sanar esse problema até o ano que vem.

“Com relação ao caso do senhor Antônio, nós encaminhamos o laudo dele para a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) e a resposta foi de que não havia um atestado de estabilidade, mas sim um cronograma de obras. Por outro lado, dois engenheiros contratados pela Samarco avaliaram que os alicerces da estrutura estão comprometidos e por isso representariam risco para o cidadão, sua família e outros frequentadores”, disse.

A Fundação Renova informa que o imóvel de Antônio Luiz “teve a estrutura comprometida pelo impacto da lama, por isso ele foi interditado pela Defesa Civil, o que permanece vigente até hoje. Por esse motivo, apesar do laudo mencionado, a Defesa Civil não permite qualquer intervenção no local”, e destaca que ele é assistido com alocação de moradia temporária, e teve a reestruturação do comércio local (restaurante), possibilitando a retomada de parte de suas atividades econômicas e financeiras.


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