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Estado de Minas

Santuário de Nossa Senhora da Piedade completa 250 anos

Missa, entrega de medalha e apresentação de placas que narram a história do santuário da padroeira de Minas marcaram comemorações


postado em 01/10/2017 06:00 / atualizado em 01/10/2017 07:54

Uma tarde chuvosa, fria e com muito nevoeiro marcou a data da autorização do bispado para erguer templo no alto do maciço dedicado à padroeira de Minas Gerais(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Uma tarde chuvosa, fria e com muito nevoeiro marcou a data da autorização do bispado para erguer templo no alto do maciço dedicado à padroeira de Minas Gerais (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Esse sábado foi um dia histórico na Serra da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para celebrar os 250 anos de peregrinação ao topo do maciço, onde está a ermida com a imagem da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade.

Durante a solenidade presidida pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, numa tarde chuvosa, fria e com muito nevoeiro, foi entregue uma medalha comemorativa a amigos e benfeitores do santuário.

Conforme documentos da Arquidiocese de Mariana, foi em 30 de setembro de 1767 que o ermitão português Antônio da Silva Bracarena recebeu autorização do bispado para erguer o templo, visitado anualmente por cerca de 500 mil pessoas.

“A Serra da Piedade é o coração de Minas e muito nos alegra o fluxo crescente de peregrinos. Minas foi agraciada com esta casa de clemência e bondade e é nesta escola de fé que está o caminho para a bondade de Deus. Aqui temos a devoção à padroeira de Minas e também a reverência ao nosso patrimônio histórico-cultural", disse dom Walmor, que comandou o momento cívico, com hasteamento de bandeiras na Praça Dom Cabral, e apresentação de placas que narram a história do santuário e destacam personagens fundamentais na história local.

Às 15h, ele presidiu missa, na ermida, concelebrada pelo reitor do Santuário Nossa Senhora da Piedade, padre Fernando César do Nascimento, e o pró-reitor Carlos Antônio da Silva. Ao final da missa, houve apresentação dos corais Lyricus e Canto D’Amore.

A última atividade da tarde foi a reunião do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG), que transferiu, provisoriamente, sua sede para a Serra da Piedade, e foi parceiro na outorga da medalha. Neste domingo, haverá missas às 8h, 15h e 17h, na ermida; e às 9h30 e às 11h, na Igreja Nova das Romarias.

Entre as novidades para a comemoração dos 250 anos de peregrinação está a futura circulação de uma locomotiva, com pneus e movida a diesel, que levará os romeiros da Praça Antônio da Silva Bracarena, antes conhecida como Praça da Cavalhada, à Praça Dom Cabral, num total de 2,5 quilômetros. A expectativa é de que comece a circular na segunda quinzena de dezembro.

Padre Fernando César informou que a chamada Locomotiva da Piedade está sendo finalizada numa oficina no Rio Grande do Sul e explicou que a iniciativa é da Arquidiocese de Belo Horizonte, que acertou os trâmites finais com o governo do estado para operação do novo meio de transporte.

Um dos pontos importantes da empreitada, e que deverá ficar para 2018, é a construção de uma estação para a locomotiva, na Praça Bracarena. Assim, quem chegar de carro, ônibus ou van poderá desembarcar e “pegar o trem” até o alto da serra. A capacidade é de 100 passageiros, acomodados em cinco vagões.

A locomotiva deverá eliminar, nos dias de grande festividade, que chegam a reunir mais de 10 mil pessoas, o trânsito de veículos e vans no caminho de acesso à ermida do século 18, onde está a imagem esculpida por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814). “Temos uma grande preocupação com o meio ambiente e o patrimônio histórico”, disse o reitor do santuário.

O presidente do IHGMG, Aluísio Quintão ,destacou a importância da solenidade e disse que a Serra da Piedade é um marco da região mineradora e foi um farol para os bandeirantes. Celebrar 250 da peregrinação à serra traz lembranças de fatos e pessoas exemplares.

Arquitetura divina


Tombada pelo estado, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo município de Caeté, a Serra da Piedade é ponto de partida e chegada do Caminho Religioso da Estrada Real (Crer), que liga o santuário da padroeira de Minas a Aparecida (SP), onde está a imagem da protetora do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Padre Fernando destaca a importância da comemoração no Ano Mariano, já que também são festejados, em 2017, os 100 anos de aparição de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, a três pastores, e tricentenário do encontro, nas águas do Rio Paraíba do Sul (SP), da imagem de Nossa Senhora da Conceição, que se tornou Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

A história do Santuário Nossa Senhora da Piedade começa no século 18, com o relato de um milagre: a Virgem Maria teria aparecido para duas jovens no alto da serra. A partir desse dia, o fato se espalha rapidamente por toda a região e muita gente chega ao topo do maciço para rezar.

O episódio toca o coração do português Antônio da Silva Bracarena, então na colônia para ganhar dinheiro. Mas ele se converte e decide dedicar sua vida à construção de uma capela no lugar onde ocorrera o milagre.

O singelo templo dedicado a Nossa Senhora da Piedade começa a ser erguido em 1767 e, mais tarde, ganha a imagem esculpida por um jovem de Ouro Preto, depois reconhecido como o mestre do Barroco mineiro, Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

A consagração de Minas a Nossa Senhora da Piedade ocorreu em 1960, após o papa São João XXIII reconhecer que Maria é a padroeira do estado.

Medalha comemorativa


A entrega da medalha comemorativa dos 250 anos de peregrinação à Serra da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é uma iniciativa da Arquidiocese de Belo Horizonte e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Entre os agraciados estão padres e ex-reitores do santuário, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Jairo Isaac, os prefeitos de Caeté, Lucas Coelho, e de Sabará, Wander Borges, e o jornalista Gustavo Werneck, do Estado de Minas. Uma das medalhas comemorativas será entregue ao papa Francisco pelo arcebispo dom Walmor  de Oliveira Azevedo.


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