A cidade registra, há anos, o maior crescimento populacional entre os 853 municípios mineiros. Resultado: Nova Serrana é a capital dos sotaques.
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Eles reforçam o coro dos forasteiros: todos os caminhos levam a Nova Serrana – o nome da cidade é uma homenagem ao apelido de Pitangui, a Velha Serrana, do qual o município se emancipou, em 1954, quando deixou de ser o distrito de Cercado. Desde então, quem nasce lá é nova-serranense. Mas Nova Serrana é a cidade de todos os sotaques.
Ela venceu: foi coladeira em chão de fábrica de calçado e, sempre atenta às novas oportunidades, cresceu no mercado e montou uma empresa em sociedade, a Nova Cal, que oferece coloridos pares. “Também apostamos nas vendas virtuais (www.nishoes.com.br)”, conta Lana.
Elias, o taxista, levou para a cidade o sotaque típico do interior de São Paulo. “Deixei São José dos Campos há 19 anos. Quando cheguei aqui, a população era de 23 mil pessoas. Atualmente são quase 95 mil.
Seu Vítor Ricardo de Oliveira é outro que veio de fora. Chegou de Perdigão (MG), em 1969, quando a cidade era bem diferente da atual: “Como se toda Nova Serrana fosse o que hoje é apenas o Centro. Cresceu muito, sobretudo nos últimos anos. O motivo? Aqui não falta emprego”.
O PREÇO DO SUCESSO Tudo na vida tem um preço. A explosão demográfica em Nova Serrana cobra um custo alto aos moradores de bem: o crescimento da violência e o trânsito caótico são apenas dois dos exemplos.
O assunto é tema de várias conversas nas ruas da cidade. Lana, a mulher que deixou o Vale do Jequitinhonha para ser coladeira em fábrica de sapato e hoje é sócia numa loja de calçados, lamenta o salto na violência.
“Minha casa foi assaltada. Fizeram minha mãe e meu tio reféns e levaram o aparelho de televisão, dois computadores, um celular e o carro. Este é o ponto negativo na cidade”, lamentou a empresária. Seu Vítor Ricardo, que deixou Perdigão, também foi vítima de bandidos: “Entraram em minha residência e levaram talões de cheque. Passaram no mercado e tive dor de cabeça para sustá-los”.
A explosão demográfica ainda trouxe problemas no trânsito, segundo taxistas forasteiros. Elias, por exemplo, conta que, dependendo do horário, leva mais de 30 minutos para percorrer uma distância que, normalmente, é feita em menos de 10 minutos. “A frota aqui disparou”, reforçou.
O chofer tem razão: aumentou 73,8%, conforme balanço do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) em uma década. Passou de 15.824 veículos, em junho de 2007, para 43.332 unidades, em igual mês de 2017. “E trouxe outro problema: o transporte clandestino.
LIXÃO Uma população grande gera grande quantidade de lixo. No aterro da cidade, um grupo de homens e mulheres ganha a vida garimpando material reciclável, mas expondo a saúde ao risco de doenças. Eles frequentam o local, entretanto, porque não desejam ser empregados.
Tiago Henrique da Silva, que mora na cidade vizinha de São Gonçalo do Pará, vai ao lixão, diariamente, há cinco anos. “Nasci em Contagem e me casei. Minha esposa é do município vizinho e decidimos vir para cá. Quero trabalhar para mim mesmo. Consigo de R$ 1,5 mil a R$ 1,8 mil por mês. É uma quantia boa”.
Um amigo dele, que prefere o anonimato, está no lixão há duas décadas. “Morei com meus pais no lixão, mas era em outro local. Prefiro trabalhar aqui do que em fábrica de calçados, pois aqui eu faço o meu salário e o .