Jornal Estado de Minas

Estudantes da UEMG protestam por mais segurança após estupro de aluna

Após o estupro da colega, estudantes marcaram mais um protesto - Foto: Reprodução internet/FacebookEstudantes da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) em João Monlevade, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, marcaram uma manifestação para a tarde desta segunda-feira para chamar atenção das autoridades para a falta de segurança no câmpus e no entorno. Na última sexta-feira, uma aluna de 21 anos foi estuprada quando voltava da aula, à noite.

A jovem, que não teve a identidade divulgada, passava por uma das ruas laterais do câmpus quando foi atacada pelo estuprador. Segundo informações dos estudante, ela foi socorrida por dois funcionários e levada para o hospital. No início desta tarde, a Polícia Civil informou que a vítima prestou depoimento nesta manhã para dar mais detalhes que possam levar à prisão do criminoso. Ela também passou por exames. Um inquérito já foi aberto.

“Ele (câmpus) é no Bairro do Baú, em frente ao cemitério e de baixo de um presídio.
Perdemos muitos alunos por falta de estrutura. Eles não vêm aqui por isso. É um local isolado e sem policiamento”, reclama a estudante de engenharia de minas e diretora de comunicação e marketing do Diretório Acadêmico do câmpus, Patrícia Procópio.

A unidade fica em uma região com muita vegetação e lotes sem capina, segundo a universitária. A iluminação é insuficiente. “No fim do morro da unidade a gente não tem proteção nenhuma. Temos medo de vir à aula”, diz.
O transporte também é precário, segundo Patrícia. Os poucos ônibus passam em horários que não atendem a demanda (antes do fim das aulas). Assim, para sair de lá, eles precisam subir um morro até a avenida mais próxima, onde há outro ponto de ônibus. É nesse trajeto que os crimes costumam ocorrer.

“Em todas as faculdades e escolas daqui acontece isso, mas na UEMG é mais. Acaba que a gente fica a mercê. No início do ano, teve um ônibus baleado, um aluno assaltado às19h e agora o estupro dessa menina. Já são três crimes absurdos e nada foi feito”, enfatiza Patrícia Procópio.


A universitária diz que eles já realizaram reuniões com a prefeitura, outras passeatas e também fizeram pedidos à Polícia Militar (PM), mas não houve melhoria. “O estado não fornece vigias. Não há policiamento. A prefeitura empresta funcionários para ficarem na portaria”, alega.

A concentração para o protesto de hoje começa às 13h30, na porta do câmpus da UEMG em João Monlevade. Os estudantes esperam que funcionários, professores e outros moradores da cidade se juntem a eles. De lá, os manifestantes vão seguir pela avenida principal da cidade até a Praça do Povo, onde vão protestar até as 18h.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa informou que a UEMG lamenta o estupro da jovem e que apoia a manifestação dos estudantes. Ainda segundo a universidade, estão programadas reuniões com a PM, prefeitura e a Câmara Municipal de João Monlevade para encontrar uma solução para os crimes no entorno. Leia, na íntegra, a nota assinada pela Diretoria Acadêmica João Monlevade:

"A UEMG, por meio da Unidade Acadêmica João Monlevade afirma sua consternação pelo crime de agressão física e sexual sofrido por sua estudante e com ela solidariza-se pelo sofrimento de que foi alvo no dia 29 de setembro, nas imediações da Universidade.

Ainda que a prática criminosa não tenha ocorrido dentro da sede da Universidade, a Diretoria soma-se às vozes de sua comunidade acadêmica, que hoje se manifesta nas ruas, de forma pacífica e organizada, por mais investimentos em segurança.

Desde seu conhecimento acerca dos fatos, a Diretoria da Unidade João Monlevade, apoiada pela Reitoria da UEMG, já se movimenta para provocar nos setores responsáveis pela segurança pública do município os diálogos necessários para prover naquela região da cidade um maior policiamento, adequação da iluminação pública além de buscar outras ferramentas que possam ser implantadas com o objetivo de promover maior eficiência na segurança dos estudantes e demais cidadãos de bem.

Assim, foi definida uma agenda de encontros durante esta semana junto à Polícia Militar, à Prefeitura Municipal e também à Câmara de Vereadores de João Monlevade, para que casos análogos não tornem a ocorrer, especialmente nos horários em que se ministram as atividades acadêmicas."
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