Jornal Estado de Minas

Empresa contesta laudo de negativa de uso de drogas por fisiculturista


Por meio de nota divulgada em página de uma rede social, o advogado Ércio Quaresma, que representa a Cy Security e Vigilância, empresa que estava responsável pela segurança da casa de shows Hangar 677, no dia da morte do fisiculturista Alan Guimarães Pontelo, de 25 anos, questionou as informações de que o jovem não tinha feito uso de drogas. Exibindo cópia do laudo que apontou que Alan não usou cocaína, maconha e ecstasy, o advogado destaca em sua página que o documento técnico apresenta a presença de ketamine (cetamina) no sangue e víscera do rapaz.

“Alguém pode até não gostar, mas cetamina é droga”, disse Quaresma, na noite desta segunda-feira, que acrescentou que no carro do fisiculturista foi encontrada uma ampola vazia do produto. “O que me deixa perplexo, é que o Instituto Médico-Legal não consegue dizer a quantidade da droga injetada”, completou. O advogado informou que teve acesso ao laudo junto ao delegado responsável pela investigação, ao qual passou algumas informações sobre a vida pregressa de Alan Pontelo, para corroborar as alegações dos seguranças. Como representante da Cy Security, ele vai acompanhar o caso para eventual defesa dos funcionários da empresa.

A Fundação para um Mundo sem Drogas, em seu site, informa que a ketamina, categorizada como um “anestésico dissociativo”, normalmente é usada em animais como anestésico na forma de pó ou líquida. Pode ser injetada, usada em bebidas, cheirada ou acrescentada a baseados ou cigarros. Em 1999, a ketamina foi incluída na lista de substâncias controladas nos EUA.

“Os efeitos de curto e longo prazo incluem: taquicardia e pressão alta, náusea, vômito, torpor, depressão, amnésia, alucinações e problemas respiratórios potencialmente fatais. Os usuários de ketamina também podem desenvolver 'fissura' pela droga.
Em altas doses, os usuários experimentam o 'K-Hole', um efeito descrito como estar 'fora do corpo' ou uma experiência 'de quase morte'”, diz o site da fundação.

Ainda, de acordo com a entidade, devido ao estado de sonho e desligamento que a ketamina cria, o usuário tem dificuldades para se mover e por isso é usada como “droga de estupro”. “Quando o usuário exagera na quantidade, existe um risco sério de falência respiratória, que é justamente a causa mais comum de morte por ketamina. Outras complicações que podem acontecer são a dificuldade de respiração, além da possibilidade de um coma.”

A Fundação para um Mundo sem Drogas é uma corporação de utilidade pública sem fins lucrativos que capacita os jovens e adultos com informações baseadas em fatos sobre as drogas para que eles possam tomar decisões baseadas em informação e viverem livres das drogas.

Na nota, em sua página no Facebook, Quaresma é taxativo: “Ao contrário da notícia amplamente veiculada pela imprensa afirmado que o fisiculturista Allan Pontello não usou drogas ou álcool durante evento realizado no bairro Olhos D’água, o laudo da Polícia Civil detectou, sim, a presença de uma substância que pode ajudar a esclarecer os fatos e chegar à verdade do ocorrido – a ketamina, um anestésico para cavalos, também conhecida como 'Special K', 'Kit Kat', 'Cat Valiums', ou 'Vitamina K'”, destacou.

A morte de Allan Guimarães Pontello ocorreu no fim da madrugada de 2 de setembro, no interior da casa de shows Hangar 677. De acordo com a Polícia Militar, a versão dos seguranças é de que o rapaz foi abordado com drogas e, depois, sofreu um ataque cardíaco no local. Antes de passar mal, afirmaram, o jovem teria corrido e saltado algumas grades, caindo ao chão em seguida. Um amigo de Allan, porém, disse que os dois foram ao banheiro e, depois de ser abordado por dois seguranças, o fisiculturista foi levado para um lugar privado, onde teria sido agredido.
.