O incêndio que matou cinco crianças e uma professora na Creche Municipal Criança Inocente, em Janaúba, norte de Minas, ocorreu no meio da festa de dia das crianças, antecipada por causa do feriado na semana que vem. Com uma mochila nas costas e um pote azul nas mãos, o vigilante Damião Soares da Silva, de 50 anos, entrou no salão, fechou a porta e atraiu a atenção das crianças. "Eu vou dar picolé para vocês."
Leia Mais
Confira onde estão os feridos queimados em creche de Janaúba, no Norte de MinasPolícia interdita creche onde crianças morreram queimadas por vigia em JanaúbaAutoridades concedem entrevista sobre tragédia em creche de JanaúbaVídeo mostra voluntários tentando resgatar crianças em creche de JanaúbaEstudantes de enfermagem homenageiam vítimas da tragédia na porta do Hospital João XXIII''Ela era uma gracinha, inteligente'', diz prima de criança morta na tragédia de Janaúba Moradores prestam solidariedade a vítimas e familiares no Hospital João XXIIIMais duas crianças vítimas da tragédia em Janaúba morrem 'Ele não estava surtado', diz delegado sobre vigia que matou crianças queimadas em JanaúbaAproveitadores divulgam contas falsas para receber doações para vítimas de ataque a crecheDe acordo com o delegado Renato Nunes Henriques, chefe do Departamento da Polícia Civil de Montes Claros, responsável pela região, Silva, de fato, fabricava picolé em casa. Por isso, ele comprava etanol, usado como insumo na produção e guardava em casa (misturado com água, o álcool mantém a temperatura mais baixa).
"A investigação, agora, é para traçar o perfil psicológico dele", afirmou o delegado. "Ele começou a demonstrar transtornos em 2014, quando foi ao Ministério Público denunciar que a mãe estava envenenando a comida dele mas era mentira." Para vizinhos da creche, o vigilante parecia uma pessoa normal.
Ao longo da semana, familiares relataram que Silva repetiu, ora que daria um presente a eles, ora que iria morrer.
Velório
Os corpos das vitimas começaram a ser velados por familiares, em casa, na noite desta quinta-feira, 5. Os enterros ocorrem separadamente no cemitério da cidade. A primeira criança a ser enterrada foi Ana Clara Ferreira Silva, de 4 anos, irmã gêmea de Victor Hugo Ferreira Silva, que, por estar com conjuntivite não foi para a escola no dia do crime. "Poderia ter sido os dois", disse o avô Antônio Ferreira, de 55 anos.
Ana Clara sofreu queimaduras no rosto e no corpo e não resistiu. Outras duas irmãs dela inalaram fumaça, foram internadas e transferidas para Montes Claros. O ataque causou a morte de cinco crianças e uma professora. Damião Silva também morreu em função das queimaduras..