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Transtorno mental de vigia que matou crianças em Janaúba foi detectado há 3 anosCreche de Janaúba onde vigia matou crianças queimadas será demolidaMais duas vítimas da tragédia de Janaúba vêm para Belo HorizonteCorpo de professora é enterradoDuas crianças queimadas em creche de Janaúba são enterradasVigia mata crianças dentro de creche em JanaúbaMais duas crianças vítimas de Janaúba são enterradasParentes de feridos na creche em Janaúba passaram a noite em claro no João XXIIIReligiosos fazem oração e homenagens às vítimas de Janaúba em frente ao João XXIIICrianças de Janaúba recebem presentes e vão para casa neste sábadoPopulação já pode fazer doações às famílias das vítimas de Janaúba: saiba comoSegundo o médico, as ameaças incluem infecções pulmonares, quadros de desidratação, disfunções renais ou mesmo infecções na superfície da pele. “Quando as queimaduras são profundas e extensas, os pacientes precisam ser mantidos em centros de terapia intensiva, entubados, e somente após uma melhora do quadro é possível transferência para enfermaria”, explica.
Segundo o cirurgião, é difícil prever quanto tempo todas as etapas de recuperação podem exigir, pois tudo depende da condição clínica do paciente, da extensão e profundidade da queimadura.
Passada a fase aguda do tratamento, as vítimas vão precisar de cuidados para reabilitação funcional e prevenção de queloides, com atendimento multidisciplinar que inclui nutrição especial, fisioterapia, enfermagem, psicologia, entre outros. No caso dos queloides, o especialista explica que devem ser usadas malhas de alta compressão, por tempo prologando, entre um e dois anos, e durante 24 horas. Elas só podem ser retiradas para higienização. “A recuperação, de agora em diante, é longa, delicada e complexa e a dor é tanto física quando psíquica e atinge vítimas e também as famílias”, ressalta Marcelo.
Número de mortos cresce
O ataque de Damião provocou oito mortes, além da do próprio vigia. Até a noite de ontem, sete crianças e a professora Heley de Abreu Silva Batista, de 43 anos, haviam perdido a vida. Também deixou 41 pessoas feridas.
Os alunos atingidos pelo incêndio tiveram entre 20% e 80% dos corpos queimados. Em crianças, queimaduras já são consideradas gravíssimas quando atingem mais de 15% da superfície corporal. Em adultos, os quadros são mais graves com índices acima de 25%. Em pacientes com queimaduras de vias aéreas, há casos em que é preciso manter a respiração artificial.
Em Janaúba, parentes das crianças que tiveram queimaduras ou inalaram fumaça rezam pela recuperação, mas têm quase nenhuma informação sobre como será essa batalha. As crianças são de famílias carentes, muitas de pouca instrução. “A gente é fraquinho e tem pouco conhecimento, mas se informa com as pessoas de bem. Vou procurar saber com os médicos o que é melhor fazer para cuidar do meu neto”, disse o aposentado Itamiro José Correa, de 69 anos, avô de Ícaro Soares, de 4, que está internado em Montes Claros.
Em meio a tanta dúvida e desalento, uma boa notícia bateu à porta de familiares de uma das vítimas.
Tratamento é "longo, complexo, doloroso"
Complexo, demorado e doloroso. Assim o cirurgião plástico Marcos Mafra, coordenador da unidade de tratamento de queimados do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), em Belo Horizonte, descreveu o tratamento das vítimas do ataque à creche Gente Inocente, em Janaúba, no Norte de Minas. Na unidade de saúde estão oito pessoas, sendo seis crianças e duas professoras, todas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com quadro grave e com risco de morrer. O estado de saúde das três crianças encaminhadas para o Hospital Odilon Behrens também é grave. Duas crianças estão graves no Hospital Pediátrico João Paulo II.
“O tratamento é complexo, demorado e doloroso. Estamos fazendo com a melhor qualidade possível”, afirmou o médico. Estão internados no HPS seis crianças entre 4 e 5 anos e duas funcionarias da escola, de 42 e 63. Todos os pacientes respiram por meio de ventilação mecânica.
Três crianças estão com um quadro de queimaduras cutâneas e das vias aéreas. Outras três apresentaram quadro de intoxicação, sem queimaduras na pele. Três crianças foram transferidas ontem do HPS para o Odilon Behrens, na capital. Elas estão em estado grave, no Centro de Terapia Intensiva (CTI), com ferimentos nas vias respiratórias.
“Elas estão respirando por meio de aparelhos, sedadas. Estamos aguardando que tenham uma melhora do cansaço e do edema do sistema respiratório”, comentou o gerente de pediatria do Odilon Behrens, Marcos Evangelista de Abreu, otimista quanto ao quadro das crianças.
Na quinta-feira, elas foram atendidas no hospital de Janaúba, mas, sem a pele queimada e sintomas aparentes, acabaram liberadas. Os pais foram orientados a retornar à casa de saúde se apresentassem alguma alteração respiratória. Todas começaram a apresentar tosse e cansaço, como explica Evangelista.
As lesões foram provocadas pela fumaça. “O estado de saúde merece cuidado e ainda é grave. Mas a gente espera que, em questão de dias, tenham alta e estejam em ótima condição”, disse. O hospital disponibilizou seis leitos de terapia intensiva pediátrica para as vítimas de Janaúba.
Vítimas da tragédia
Mortos
Crianças
> Luiz David Ferreira, 4 anos
> Ana Clara Ferreira da Silva, 4 anos
> Ruan Miguel Silva, 4 anos
> Juan Pablo Cruz dos Santos, 4 anos
> Renan Nicolas dos Santos Silva, 4 anos
> Yasmin Medeiros Sabino, 4 anos
> Cecília Davina Gonçalves Dias, 4 anos
Adultos
> Heley Abreu Batista, 43 anos
> Damião Soares dos Santos, 50 anos
Feridos
Em Janaúba
1) Hemili Sofia Santana Barbosa, 3 anos, inalação de fumaça
2) Nicole Lorrane Barbosa, 4 anos, inalação de fumaça
3) Pedro Lucas Almeida Dias, 2 anos, inalação de fumaça
4) Kaio Pierre Santos, 2 anos, inalação de fumaça
5) Vitória Souza da Silva, 4 anos, inalação de fumaça
6) Murilo Ramos Dias, 3 anos, inalação de fumaça
7) Laís Emanuelle Rodrigues Oliveira, 1 ano, inalação de fumaça
8) Weberth Kaik dos Anjos Dias, 3 anos, inalação de fumaça
9) Italo Rair dos Anjos Dias, 1 ano, inalação de fumaça
10) Maria Rita Barbosa, 5 anos, inalação de fumaça
11) Pietro Souza Silva, 2 anos, inalação de gases da combustão
12) Eduardo Souza Silva, 2 anos, inalação de gases da combustão
Em Montes Claros
1) Maísa Gabriely de Jesus Santos, 3 anos, 35% do corpo queimado
2) Patrick Samuel Lourenço de Souza, 3 anos, 30% do corpo queimado
3) Thiago Felipe Medeiros Santos, 4 anos, 30% do corpo queimado
4) Nicole Maria, 6 anos, 20% do corpo queimado, queimaduras na mão
5) Ruan Emanuel Dias Barbosa, 5 anos, 30% do corpo queimado
6) Talita Vitória Bispo, 4 anos, queimadura de vias aéreas
7) Ycaro Rafael da Silva Soares, 4 anos, queimadura de vias aéreas
8) Luciano Gabriel Nunes Rocha, 1 ano, inalação de gases
9) Arthur Gabriel Soares Souza, 4 anos, inalação de gases
10) Julie Mariah, 3 anos, inalação de gases
11) Ludmila Cristine, 6 anos, inalação de gases
12) Matheus Felipe Rocha Santos, 5 anos, estabilizado, grave
13) Maria Vilma Pinheiro, 51 anos 40% do corpo queimado
14) Jéssica Morgana Silva Santos, 23 anos, 80% do corpo queimado
15) Lucas Gabriel Martins Silva, 4 anos, queimadura nas costas, inalação de gases
16) Maria Eduarda Oliveira Souza, 2 anos, inalação de gases
Transferidos para Belo Horizonte
Hospitais João XXIII e João Paulo II
1) Flavia Nayara Dias, 4 anos, queimadura nos membros inferiores, 80% do corpo queimado
2) Marcus Vinicius Santos, 3 anos, 20% do corpo queimado
3) Gabriel Carvalho de Oliveira, 5 anos, 80% do corpo queimado
4) Maísa Barbosa dos Santos, 5 anos, queimadura de vias aéreas
5) Yasmin Estéfany Nunes Santos, 6 anos, queimadura de vias aéreas
6) Raissa da Silva Caetano de Jesus, 5 anos, 45% do corpo queimado e vias aéreas
7) Luana Almeida Nogueira, 5 anos, queimadura de vias aéreas
8) Nicolas Eduardo Freitas Borges, 4 anos queimadura de vias aéreas
9) Geni Oliveira Lopes Martins, 63 anos, 60% do corpo queimado
10) Marley Simone, 42 anos, 40% do corpo queimado
Hospital Odilon Behrens
1) Daniel Jesus, 4 anos, inalação de gases
2) Artur Souza Oliveira, 2 anos, sem queimaduras
3) Sara Emanuele, 5 anos, inalação de gases.