A bravura da professora Helley Abreu Batista, de 43 anos, que deu a própria vida para tentar salvar seus alunos da crueldade do vigia Damião Soares dos Santos, encontrou a companhia de três pedreiros que certamente contribuíram para evitar o pior. Graças ao esforço do trio de trabalhadores, a tragédia na creche Gente Inocente não teve dimensões ainda maiores, além das 10 pessoas que já morreram – oito crianças, a professora e o autor do crime. Mas mesmo assim eles não se consideram heróis.
Os pedreiros Joaquim Barbosa da Silva, de 45, e Arley Teixeira Alves, de 31, que também tiveram o apoio de outro colega, estavam trabalhando na construção de uma casa a cerca de 100 metros da creche incendiada, quando perceberam o tumulto e correram para a unidade municipal de ensino. Arley conta que ao chegar percebeu que várias das crianças estavam deitadas no chão e a situação era de total desespero entre as professoras. Ele chegou a tirar algumas vítimas e levá-las para a rua. “Só que as crianças pequenas queriam voltar para a creche porque na rua não encontraram suas mães.”
Leia Mais
Confira a situação atualizada das vítimas do ataque em creche de Janaúba Dezesseis crianças vítimas de ataque em Janaúba recebem alta Mais duas crianças vítimas de Janaúba são enterradasMorre oitava criança vítima do massacre de JanaúbaParentes de feridos na creche em Janaúba passaram a noite em claro no João XXIIIVigia mata crianças dentro de creche em Janaúba'Estamos sofrendo como todas as vítimas', diz irmã de vigia que incendiou creche em JanaúbaTemer concede homenagem à professora morta em tragédia na creche de JanaúbaOitava criança morta em creche de Janaúba é enterradaPerfil de uma heroína: quem era a professora que morreu salvando crianças na creche de JanaúbaMinas vive mistura de emoções após massacre em creche de JanaúbaAgressor que incendiou creche e matou crianças não fazia tratamento psiquiátricoA situação era tão desesperadora, que mesmo com o clima de desastre dentro da creche os meninos e meninas insistiam em voltar. Joaquim disse que inclusive teve que ficar na porta para impedir o retorno para o local das chamas.
Apesar de todo o trabalho e esforço na tentativa de salvar as crianças, o pedreiro disse que não se sente um herói. “Para mim, guerreiras mesmo foram as professoras. Elas poderiam até ter fugido do local, mas ficaram lá tentando retirar as crianças”, disse Arley, citando a bravura da professora Helley. “Vi as professoras voltando para as salas onde estavam as crianças.
LUTO O sentimento de luto que se espalhou pela cidade de Janaúba afetou o comércio da cidade ontem. Algumas lojas da cidade do Norte de Minas não abriram as portas como forma de manifestar o pesar em relação ao massacre dentro da creche. Vários estabelecimentos exibiram cartazes com a palavra luto.
.