Domingo de festa, orações e muita alegria no distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, na Região Central. Com procissão às 8h30 e missa solene às 9h, será entregue à comunidade a Igreja de Nossa Senhora das Dores, no distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, na Região Central. O templo data de 1761 e é considerado “o mais antigo do país dedicado a Nossa Senhora das Dores”, de acordo com pesquisas em documento do Arquivo Ultramarino de Lisboa, Portugal. A celebração eucarística será presidida pelo arcebispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, e concelebrada pelos padres Luis Roberto de Souza e Glauber Rodrigues Lacerda.
O restauro da Igreja de Nossa Senhora das Dores trouxe de volta pinturas escondidas por décadas sob várias camadas de tinta no forro e nas paredes – em alguns pontos, até 10, conforme mostrou o Estado de Minas em matéria publicada em 30 de maio. A maior descoberta está logo na entrada, no forro do átrio, onde a equipe encarregada do serviço encontrou guirlandas em policromia tampadas pelo branco, que deixava à mostra apenas a cena do calvário, correspondente a 10% do trabalho original. A obra foi reivindicada durante anos pela comunidade e custeada integralmente com recursos do Fundo Municipal do Patrimônio (Funpatri), segundo o secretário municipal de Cultura e Patrimônio, Zaqueu Astoni Moreira. “Nesta reinauguração, a igreja ganhou um grande presente especial, que será incorporado ao seu patrimônio e será a logomarca. O pintor Carlos Bracher, que já teve uma residência em frente do templo, fez uma bela aquarela da fachada”, disse Zaqueu.
Entre as vozes que se levantaram pedindo o restauro, está Rodrigo da Conceição Gomes, presidente da Associação dos Amigos de Cachoeira do Campo (Amic) e coordenador da comunidade de Nossa Senhora das Dores, o tecnólogo em conservação e restauração, que sempre alertou para o risco de perda do templo. Para ele, a intervenção significa “uma grande vitória dos moradores, que pediram providência às autoridades e fizeram novena”.
EM DOIS TEMPOS Tombada pelo município em novembro de 2010 e alvo de reparos no telhado no ano seguinte, o templo ganhou um projeto arquitetônico para recuperação e um pedido, dos moradores, ao Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compatri) para colocá-lo em prática. Coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Histórias pela Prefeitura de Ouro Preto, a arquiteta Débora Queiroz explicou que a intervenção do templo foi definida como prioritária e dividida em dois tempos. Na primeira fase, foram executados os serviços de recuperação do piso, paredes e esquadrias, implantação de manta de proteção sob a cobertura, troca de telhas, preenchimento de trincas e drenagem no entorno. Além desse pacote de obras civis, a equipe cuidou da parte elétrica, sonorização e Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA).
A segunda fase compreendeu os elementos artísticos e também com recursos do Funpatri. Outras surpresas encantaram os restauradores, como o verde forte presente no altar da capela-mor e achado sob oito camadas de tinta de cinco cores diferentes. Já nas paredes, mais descobertas: debaixo de tinta, foi localizado um barrado com pinturas marmorizadas, no tom salmão, e datadas de 1870-1880, creditadas a italianos que moraram na região no século 19. Também fiéis às cores que as prospecções mostraram, os especialistas decidiram por um tom bege para a parede sobre o barrado. A obra tão ansiosamente aguardada pela comunidade de Cachoeira do Campo não parou de surpreender. Perto do forro da nave, a quatro metros de altura, foram recuperados o forro com narrativa bíblica.
HISTÓRIA Construída em 1761 para as cerimônias da semana santa, a Igreja de Nossa Senhora das Dores tem no forro o maior destaque. O que chama logo a atenção de quem entra é a ornamentação com os 15 painéis da nave, de inspiração medieval, representando a Paixão de Cristo, do horto das oliveiras à ressurreição.
Muitas histórias e lendas rondam a história da igreja. A imagem da santa de roca, conforme a tradição oral, chegou a Cachoeira do Campo em meados do século 18 portando várias joias, que desapareceram. “Contam que, sob os auspícios de uma mulher chamada Maria Dolorosa, a imagem percorria as casas do distrito angariando fundos para a construção da igreja. Outra antiga lenda afirma que os inconfidentes se reuniam no interior do templo para, do alto de sua torre esquerda, espionar o Visconde de Barbacena em seu palácio.
O restauro da Igreja de Nossa Senhora das Dores trouxe de volta pinturas escondidas por décadas sob várias camadas de tinta no forro e nas paredes – em alguns pontos, até 10, conforme mostrou o Estado de Minas em matéria publicada em 30 de maio. A maior descoberta está logo na entrada, no forro do átrio, onde a equipe encarregada do serviço encontrou guirlandas em policromia tampadas pelo branco, que deixava à mostra apenas a cena do calvário, correspondente a 10% do trabalho original. A obra foi reivindicada durante anos pela comunidade e custeada integralmente com recursos do Fundo Municipal do Patrimônio (Funpatri), segundo o secretário municipal de Cultura e Patrimônio, Zaqueu Astoni Moreira. “Nesta reinauguração, a igreja ganhou um grande presente especial, que será incorporado ao seu patrimônio e será a logomarca. O pintor Carlos Bracher, que já teve uma residência em frente do templo, fez uma bela aquarela da fachada”, disse Zaqueu.
Entre as vozes que se levantaram pedindo o restauro, está Rodrigo da Conceição Gomes, presidente da Associação dos Amigos de Cachoeira do Campo (Amic) e coordenador da comunidade de Nossa Senhora das Dores, o tecnólogo em conservação e restauração, que sempre alertou para o risco de perda do templo. Para ele, a intervenção significa “uma grande vitória dos moradores, que pediram providência às autoridades e fizeram novena”.
EM DOIS TEMPOS Tombada pelo município em novembro de 2010 e alvo de reparos no telhado no ano seguinte, o templo ganhou um projeto arquitetônico para recuperação e um pedido, dos moradores, ao Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compatri) para colocá-lo em prática. Coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Histórias pela Prefeitura de Ouro Preto, a arquiteta Débora Queiroz explicou que a intervenção do templo foi definida como prioritária e dividida em dois tempos. Na primeira fase, foram executados os serviços de recuperação do piso, paredes e esquadrias, implantação de manta de proteção sob a cobertura, troca de telhas, preenchimento de trincas e drenagem no entorno. Além desse pacote de obras civis, a equipe cuidou da parte elétrica, sonorização e Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA).
A segunda fase compreendeu os elementos artísticos e também com recursos do Funpatri. Outras surpresas encantaram os restauradores, como o verde forte presente no altar da capela-mor e achado sob oito camadas de tinta de cinco cores diferentes. Já nas paredes, mais descobertas: debaixo de tinta, foi localizado um barrado com pinturas marmorizadas, no tom salmão, e datadas de 1870-1880, creditadas a italianos que moraram na região no século 19. Também fiéis às cores que as prospecções mostraram, os especialistas decidiram por um tom bege para a parede sobre o barrado. A obra tão ansiosamente aguardada pela comunidade de Cachoeira do Campo não parou de surpreender. Perto do forro da nave, a quatro metros de altura, foram recuperados o forro com narrativa bíblica.
HISTÓRIA Construída em 1761 para as cerimônias da semana santa, a Igreja de Nossa Senhora das Dores tem no forro o maior destaque. O que chama logo a atenção de quem entra é a ornamentação com os 15 painéis da nave, de inspiração medieval, representando a Paixão de Cristo, do horto das oliveiras à ressurreição.
Muitas histórias e lendas rondam a história da igreja. A imagem da santa de roca, conforme a tradição oral, chegou a Cachoeira do Campo em meados do século 18 portando várias joias, que desapareceram. “Contam que, sob os auspícios de uma mulher chamada Maria Dolorosa, a imagem percorria as casas do distrito angariando fundos para a construção da igreja. Outra antiga lenda afirma que os inconfidentes se reuniam no interior do templo para, do alto de sua torre esquerda, espionar o Visconde de Barbacena em seu palácio.