A dor provocada pela perda das vidas de nove crianças e de uma professora, vítimas do incêndio na Creche Gente Inocente, abalou até quem já convive rotineiramente com a morte.
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Mais uma criança vítima de Janaúba deixa Hospital João XXIII'Tragédia absurda', diz Papa Francisco em mensagem ao bispo de JanaúbaBombeiros reprovam mais quatro escolas de Janaúba no quesito de segurançaDuas crianças feridas em creche de Janaúba deixam Hospital Odilon BehrensDuas crianças feridas em creche de Janaúba deixarão hospital de BH nesta quarta-feiraCruz Vermelha vai doar mais de 1,3 mil brinquedos para crianças em JanaúbaFiéis celebram missa de sétimo dia das vítimas da tragédia em Janaúba'Mateus foi o último que consegui tirar', conta pedreiro que ajudou a salvar crianças em Janaúba“A gente já convive com a morte, mas, neste caso, é muita dor. É muito triste ver que tantas crianças inocentes morreram por causa de uma covardia”, lamenta Miguel. “Sofri muito como profissional, como pai e como ser humano. Foram mortas crianças inocentes e indefesas em um ato violento. Foi difícil suportar isso”, afirma o coveiro, lembrando que nunca imaginava sepultar nove crianças em tão curto espaço de tempo.
Há cinco anos no ofício, o coveiro ganha um salário mínimo por mês. “Sou um trabalhador como qualquer outro. A diferença é que lido com a dor e com o sentimento de sofrimento. Também sofro com as perdas das pessoas.” Junto com a dor, a tragédia trouxe sobrecarga para Miguel, o único coveiro do Cemitério São Lucas. Mas, para ele, pior do que o cansaço físico foi a soma da tristeza e dor pelas mortes de tantas crianças. “Foi muito desgastante e me deixou com o coração comovido. Todos dias, quando fui para a casa, à noite, chorei muito”, contou.