Considerado o território da pedra lascada em Minas Gerais, o Parque Estadual do Sumidouro, que ocupa terras dos municípios de Pedro Leopoldo e Lagoa Santa e tem como um dos principais atrativos a Gruta da Lapinha, aumentou sua área em 25%, totalizando 2,25 mil hectares. A expansão se deve ao repasse de toda a propriedade rural da centenária Fazenda Samambaia, que pertencia à mineradora Vale, à unidade de proteção ambiental.
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Tragédia de Janaúba escancara crise no Hospital João XXIII, em Belo HorizonteExposição Fantástico Corpo Humano é prorrogada em Belo HorizonteEmpresários apresentam proposta para a construção da nova creche em Janaúba Último dia de feriado prolongado atrai famílias ao Parque MunicipalA Samambaia foi entregue ao poder público toda restaurada: o casarão sede foi reformado, assim como a moradia do caseiro, o curral e o local em que funciona o moinho que transforma milho em fubá. A estrutura deve ser aberta ao público no primeiro semestre de 2018.
“A ideia é que ela se torne um espaço de referência da memória rural da região. É uma fazenda do fim do século 19, início do 20. Na propriedade havia criação de gado, produção de fubá e derivados de leite (queijo, manteiga etc.)”, informou Rogério Tavares, gerente do parque estadual.
A fazenda é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). Michele Arroyo, presidente da entidade, frisou que o objetivo do Iepha é consolidar uma parceira mais efetiva com o IEF, considerando os valores ambientais dos parques, as características históricas e arquitetônicas, o modo de vida, as tradições e as relações das pessoas com essas áreas.
“É um espaço para que pensemos em uma gestão compartilhada, aproveitando para que as comunidades possam se apropriar não só do local, mas também dos aspectos e valores como um todo.
Homens das cavernas
Mas a incorporação de todo território da Fazenda ao Sumidouro vai além: o local, assim como outros na região, conta parte da memória da idade da pedra lascada no estado. Lá há pinturas rupestres, cuja localização deve ser incorporada à trilha que dá acesso ao paredão do Sumidouro, onde há um conjunto de imagens com idades entre 4 mil e 7 mil anos.
Essa última área, que já é aberta ao público, recebeu no mês passado melhorias para beneficiar os visitantes. O deck de madeira, por exemplo, foi suspenso, o que permitiu aos turistas observarem mais de perto os desenhos na rocha. “Também houve instalação do conjunto de placas (que mapeiam os desenhos). Isso valorizou a visita”, comemorou o gerente Rogério Tavares.
A fama do Sumidouro é conhecida nos quatro cantos do planeta. Foi lá que, na década de 1970, arqueólogos descobriram o fóssil de Luzia, com idade estimada entre 12,5 mil e 13 mil anos.
Também foi no Sumidouro que o dinamarquês Peter Lund (1801-1880), considerado o pai da arquelogia e da espeleologia (estudo das cavernas) no país, descobriu inúmeros fósseis de animais extintos na época conhecida como pleistoceno. Lund, cujo corpo foi sepultado na região, deixou um legado de estudos sobre a pré-história mineira.
Luz sobre a Lapinha
Eleita uma das sete maravilhas da Estrada Real – caminho que ligava Diamantina ao Rio de Janeiro no Brasil Colônia – a gruta da Lapinha receberá nova iluminação nas próximas semanas. Em uma outra etapa, prevista para o primeiro semestre de 2018, o complexo passará a ser iluminado por energia solar.
Na prática, a nova iluminação permitirá mais segurança aos turistas, além de favorecer a vista em locais que não são tão claros. Outra vantagem é a questão econômica. “Teremos um acréscimo de iluminação nos setores mais valorizados na gruta. Aumenta a segurança para caminhar”, reforçou Rogério Tavares, gerente do Parque Estadual do Sumidouro.
A gruta faz parte de um maciço calcário formado, segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF), “há cerca de 600 milhões de anos pelos restos de fundo de mar que cobria toda a região da Bacia do Rio das Velhas”. No local, “enormes salões formados pela dissolução da rocha carbonática são adornados por belos espeleotemas de variadas formas”.
A Lapinha tem aproximadamente 510 metros de extensão e 40 de profundidade.
Sumidouro, a origem
O parque ecológico do Sumidou, que abrange tanto parte do território de Pedro Leopoldo quanto de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi batizado com esse nome em razão de sua maior lagoa. Ela tem um ponto de drenagem das águas da bacia, estrutura típica dos terrenos calcários, formação comum a toda região. Trata-se, na prática, de uma abertura natural para uma rede de galerias subterrâneas, por meio da qual um curso d’água penetra no subsolo, denominado “sumidouro”. O termo tem origem na palavra “anhanhonhacanhuva”, vinda de dialeto indígena, que significa “água parada que some no buraco da terra”. Por causa da longa estiagem, contudo, a lagoa está praticamente seca há quatro anos.
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