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Estado de Minas

Família de professora morta em Janaúba fala de sua devoção a Nossa Senhora Aparecida

Marido conta que Heley de Abreu era devota e credita à padroeira a força que ela teve para salvar várias crianças das chamas, mesmo tendo sofrido tantas queimaduras


postado em 14/10/2017 06:00 / atualizado em 14/10/2017 07:56

Luiz Carlos Batista e Valda de Abreu, marido e mãe da professora Heley de Abreu Batista: para família, devoção deu forças para ato heroico(foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press)
Luiz Carlos Batista e Valda de Abreu, marido e mãe da professora Heley de Abreu Batista: para família, devoção deu forças para ato heroico (foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press)
Passadas as celebrações do dia de Nossa Senhora Aparecida, em Janaúba muitos ainda se agarram à fé e à devoção à padroeira do Brasil para entender ou suportar a dor da tragédia provocada pelo vigia Damião Soares dos Santos, que em ataque à Creche Gente Inocente matou a si mesmo, além de nove crianças e da professora Heley de Abreu Batista. Entre esses fiéis está o próprio marido da educadora, o protético Luiz Carlos Batista. Ele conta que a mulher era devota e credita à padroeira a força que ela teve para salvar várias crianças das chamas, mesmo tendo sofrido tantas queimaduras.

A devoção a Nossa Senhora Aparecida é confirmada pela mãe da professora, a aposentada Valda Terezinha de Abreu. “A Heley tinha devoção pela padroeira desde criança, e passou isso para os filhos”, lembra dona Valda. Há dois anos, ela conta que a filha esteve em Bom Jesus da Lapa (BA), local muito procurado pelo turismo religioso, e lhe trouxe uma imagem de Nossa Senhora Aparecida de presente.

Dentro da creche Gente Inocente, ficou preservada outra pequena imagem da santa, levada por Heley. Chama a atenção o fato de que, apesar de a maior parte da sala ter sido destruída, a peça continuou intacta. No mesmo local algum morador aproveitou para colocar um rosário.

A relação de Heley com Nossa Senhora Aparecida é destacada pelo marido, ele mesmo buscando na fé forças para sobreviver a mais uma provação. Desde que o casal se uniu, em 1997, marido e mulher logo ingressaram na pastoral familiar da Igreja de Nossa Senhora Aparecida de Janaúba, onde foi celebrada uma das missas em intenção da professora.

Luiz Carlos relembra que pouco tempo após o casamento eles passaram por uma imensa dor: a perda do primeiro filho casal, afogado na piscina de um clube. “Achei que minha vida tinha acabado ao perder meu filho. Mas foi Nossa Senhora que me deu forças. Naquele momento, fiz um clamor a ela para me amparar. Ela me atendeu”, diz Luiz Carlos.

Ainda muito abalado com a perda da esposa, Luiz contou que voltou a rogar à padroeira do Brasil. “O momento que estou vivendo é muito doloroso, mas já me entreguei nas mãos de Nossa Senhora para superar essa dor”. Para Luiz, foi a devoção à santa que fez com que a mulher lutasse contra o vigia e conseguisse impedir uma tragédia ainda maior, salvando várias crianças a custo da própria vida. “O demônio mandou o mal, na forma de um homem, mas Jesus Cristo e Nossa Senhora intercederam naquele momento por intermédio de uma mulher, que foi a Heley. Sei que ela sofreu muito, pois teve 98% do corpo queimado, mas tenho certeza de que Nossa Senhora interveio e aliviou a dor dela”, completa.


A devoção da professora é destacada também pela aposentada Maria Aparecida Miranda, de 62, moradora do Bairro Rio Novo, também devota da padroeira do Brasil. “Tenho certeza de que foi Nossa Senhora que iluminou a professora Heley para salvar as crianças. Ela foi uma guerreira. Nossa Senhora vai continuar abençoando as famílias, para vencer a dor dessa tragédia”, disse Maria Aparecida, que foi ao cemitério se despedir da professora e também acompanhou os sepultamentos de várias crianças que foram vítimas do incêndio.


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