“Nunca fui assaltada por pura sorte. Não fui vítima, mas me sinto muito vulnerável, com medo, bastante medo. As coisas podem ocorrer a qualquer momento e a gente não tem segurança nenhuma. E nunca sabemos a reação de cada um.” O que parece um pedido de socorro de moradores de áreas de alto índice de violência da Grande BH é, na verdade, o relato de uma médica que, como outros funcionários de centros de saúde da capital mineira e de cidades como Betim, têm assistido a uma escalada de assaltos à mão armada em seus locais de trabalho.
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Ladrões impõem rotina de medo nos postos de saúde de Belo HorizontePostos de saúde de Betim têm média de um assalto a cada 15 dias Centro de saúde é arrombado em BH e criminosos levam até fogãoMédico de posto de saúde no Venda Nova tem carro furtado enquanto atendiaDe acordo com a direção do sindicato, profissionais e pacientes se sentem ameaçados diante da falta de controle nas unidades. “Centros de saúde não têm porteiros ou guardas municipais e não oferecem qualquer tipo de barreira para orientação e encaminhamento adequado dos pacientes que ali chegam. Nas unidades de pronto-atendimento a situação também é crítica”, afirma.
Até mesmo uma notificação extrajudicial foi enviada à Prefeitura de BH pelo Sinmed, questionando a retirada da Guarda Municipal das UPAs.“Temos pedido encarecidamente ao prefeito para que tome uma atitude e assuma para si a responsabilidade de resolver essa situação que todos os profissionais estão vivendo nas unidades de saúde e também a população que usa os serviços”, afirmou André Christiano.
HPS reforçou vigilância
Em 2004, o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), vinculado à rede estadual de saúde, foi palco de uma execução a tiros de um paciente em atendimento. Desde então, um rígido esquema de segurança foi implantado num dos maiores prontos-socorros do país, com portarias fechadas, vigilantes e acesso restrito de pessoal. O crime ocorreu em 6 de junho daquele ano, quando o carcereiro aposentado Marco Túlio Prata, o Pratinha, assassinou o desempregado Ernandes Teixeira de Paiva, de 23 anos, que teria baleado o filho dele, o estudante Vinício Prata Neto, de 19.