Diante da situação, especialmente em cidades como Belo Horizonte e Betim, o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) tem se mobilizado para denunciar aos órgãos competentes a situação de seus filiados, que têm sido presas fáceis na mira de armas de fogo, com risco de morrerem por causa de aparelhos celulares, peças em ouro e pequenas quantias em dinheiro que têm motivado os ataques criminosos. André Christiano dos Santos, diretor do sindicato, destaca que a situação é reflexo da falta de controle para conter a violência, especialmente nas unidades de saúde. De acordo com ele, somente na capital, em três meses foram mais de 100 notificações de ocorrências registradas por meio do formulário “Fluxo de abordagem dos episódios de violência nos serviços da Secretaria Municipal de Saúde de BH”. Porém, afirma, os números são subestimados, já que nem todos profissionais tornam públicas as ocorrências.
De acordo com a direção do sindicato, profissionais e pacientes se sentem ameaçados diante da falta de controle nas unidades. “Centros de saúde não têm porteiros ou guardas municipais e não oferecem qualquer tipo de barreira para orientação e encaminhamento adequado dos pacientes que ali chegam. Nas unidades de pronto-atendimento a situação também é crítica”, afirma.
Até mesmo uma notificação extrajudicial foi enviada à Prefeitura de BH pelo Sinmed, questionando a retirada da Guarda Municipal das UPAs.“Temos pedido encarecidamente ao prefeito para que tome uma atitude e assuma para si a responsabilidade de resolver essa situação que todos os profissionais estão vivendo nas unidades de saúde e também a população que usa os serviços”, afirmou André Christiano.
HPS reforçou vigilância
Em 2004, o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), vinculado à rede estadual de saúde, foi palco de uma execução a tiros de um paciente em atendimento. Desde então, um rígido esquema de segurança foi implantado num dos maiores prontos-socorros do país, com portarias fechadas, vigilantes e acesso restrito de pessoal. O crime ocorreu em 6 de junho daquele ano, quando o carcereiro aposentado Marco Túlio Prata, o Pratinha, assassinou o desempregado Ernandes Teixeira de Paiva, de 23 anos, que teria baleado o filho dele, o estudante Vinício Prata Neto, de 19. Ernandes e Vinício eram atendidos na mesma enfermaria. Pratinha tomou o revólver de um militar que fazia escolta no local e disparou duas vezes contra a cabeça do rapaz.