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Estado de Minas

Temporada severa de chikungunya se anuncia para 2018 em Minas

Após explosão de dengue e medo da zika em Minas, médicos preveem novo pico da doença que registrou 10 mortes em 2017


postado em 17/10/2017 06:00 / atualizado em 17/10/2017 07:56

Ação de combate ao Aedes aegypti na capital mineira: especialistas temem agravamento do quadro(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press - 1/2/17)
Ação de combate ao Aedes aegypti na capital mineira: especialistas temem agravamento do quadro (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press - 1/2/17)
Uma temporada severa de chikungunya se anuncia para 2018 em Minas. Depois de a dengue ter batido recordes nos últimos anos e de a zika ter se espalhado por todo o país, é a vez dessa doença também transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti desafiar a saúde pública no estado. Prova disso é o expressivo aumento e a gravidade dos casos de chikungunya neste ano, que já resultaram em 10 mortes – nove em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, e uma em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Esses são os primeiros óbitos provocados pela doença em Minas, onde os 17.482 casos prováveis registrados até 16 de outubro representam um salto de 3.375% em relação ao ano passado, quando foram contabilizados 503.

O alerta sobre o avanço da chikungunya foi feito nesta semana por especialistas no I Congresso Mineiro de Biomedicina, na capital. “A gente prevê que a chikungunya ainda tem muito espaço para crescer. A expectativa para este ano é que doença se dissemine, pois ainda não se espalhou por todo o país, como aconteceu com a zika e a dengue. Essa é uma previsão que tem base em evidências”, explica o diretor do Instituto Evandro Chagas, o médico Pedro Fernando da Costa Vasconcelos. Apesar de não apresentar dados do estado, o especialista afirma que este é um cenário nacional.

Ele afirma que com o início do período chuvoso, previsto para ter volume pluviométrico maior nesta temporada, as condições ambientais para a transmissão das três doenças já estão instaladas, o que requer ação imediata das autoridades públicas.

No caso da dengue, o médico sustenta que é difícil prever quais serão os números do próximo período epidemiológico, pois a doença é transmitida por quatro tipos de vírus. “Assim, não podemos prever o que ocorrerá em 2017, mas é possível afirmar que o vírus continuará a circular na população brasileira, causando epidemias maiores ou menores, com grandes variações regionais”, projeta. Minas registrou 26.454 casos prováveis de dengue neste ano e 13 mortes. Há mais 11 sob investigação. O número representa redução de 95%, se comparado ao total de casos prováveis de 2016, quando o balanço fechou em 520.985 notificações.

Já a chikungunya segue em direção oposta. Além do aumento de 3.375% no total de casos prováveis, há 12 óbitos em investigação e um cenário de pouca disseminação no estado. Em 2016, foram confirmados os primeiros casos autóctones (de contaminação no próprio território). Até 2015, todos os casos notificados haviam sido importados de outros estados ou de outro país. Neste ano, os casos estão concentrados nas regiões de Governador Valadares, Teófilo Otoni, Pedra Azul e Coronel Fabriciano. As mortes ocorreram no primeiro trimestre do ano. A chikungunya tem sintomas parecidos com os da dengue, como febre, dor de cabeça, manchas no corpo e indisposição. Mas se diferencia pela dor intensa nas articulações por tempo prologado, o que causa, em muitos casos, afastamento do trabalho e das atividades cotidianas.

ZIKA O vírus da zika também tem chamado atenção de pesquisadores no país para o atual período epidemiológico, que segue até abril. O Instituto Evandro Chagas, centro de pesquisa e atendimento ligado ao Ministério da Saúde, está desenvolvendo vacina de vírus vivo atenuado junto à Universidade do Texas, nos Estados Unidos. Desenvolvida por pesquisadores brasileiros, ela pode bloquear a ação do vírus durante a gestação e proteger o feto de complicações como a microcefalia, entre outras doenças. A previsão é que os testes em humanos sejam feitos entre 2018 e 2019. Para oferta no sistema público de saúde pode ocorrer 2022, segundo o diretor do instituto.

Mapear para evitar


Enquanto não há vacina, a prevenção dentro de casa é a melhor solução. Ontem, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), deu início ao Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti. A pesquisa será realizada em cerca de 45 mil imóveis e tem como objetivo identificar as áreas da cidade com maior proporção/ocorrência de focos do mosquito e os criadouros predominantes. O grupo de arte e mobilização da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), Mobiliza SUS-BH, realizou ações educativas com esclarecimentos sobre os cuidados para evitar a proliferação do mosquito. Os trabalhos são feitos em empresas, instituições de ensino e na Estação Central do Metrô.


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