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ARTE NO CORAÇÃO No interior do templo, considerado cartão-postal de BH e visitado por turistas do mundo inteiro, os quadros com molduras se dividem em dois grupos: oito do lado direito e seis do esquerdo de quem está de frente para o altar. O primeiro a ser retirado foi “Jesus é condenado à morte”, conforme assinalou o padre Otávio. “Este conjunto é muito importante e necessário. Há problemas de infiltração causadores de umidade, o que põe em risco o acervo. Agora, vamos esperar a obra da igreja”, afirmou o sacerdote, adiantando que a última missa será celebrada em 18 de novembro. Com emoção, a conservadora-restauradora Alessandra Rosado, do Cecor, lembrou que “os quadros não existiriam sem a igreja, e a igreja não existiria sem os quadros. Tudo isso está no nosso coração, faz parte do imaginário dos mineiros”.
Em nota, a PBH, via Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), informou que executará as obras de restauração da igreja.
EMBALAGEM A retirada de cada quadro durou em torno de 15 minutos. Depois de desparafusado o suporte, cada tela foi colocada sobre uma mesa forrada com material apropriado, depois embalada em papel e acondicionada em caixa de madeira fornecida pela empresa Mudanças Damasceno, especializada em obras de arte, com caminhão climatizado, que não cobrou pelo serviço. Antes de ir para as caixas, as peças passavam por um laudo, que teve a participação da estudante do último ano de conservação-restauração Sarah Bernardo. O último a ser embalado foi “Jesus é depositado no sepulcro”. A equipe do Cecor teve a presença também do professor Willi de Barros, da área de conservação preventiva, que fez medições do microclima e umidade.
Antes do trabalho de restauração no Cecor, que deverá começar em fevereiro, a equipe da professora Bethânia fará uma série de estudos, envolvendo um grupo multidisciplinar de químicos, físicos, biólogos, especialistas em raios x e outros equipamentos. Os conservadores-restauradores farão análises sobre o avanço da degradação, da estabilização da estrutura e outros aspectos.
Enquanto a equipe trabalhava, turistas olhavam pela porta de vidro. Entre eles, um grupo europeu de estudantes de dança, formado por jovens alemães, franceses e suecos. À frente, a mineira Ana Cláudia Moura e João Oliveira, que morou oito anos em BH e está há dois no país escandinavo. “A igreja é muito azul”, elogiou, na tarde quente e com céu da mesma cor, a sorridente alemã Fiona Everding, de 28 anos.
Um tesouro derretendo
Em 27 de dezembro, o Estado de Minas mostrou a situação de perigo à qual estavam expostos os quadros da igreja da Pampulha, que pertence à Arquidiocese de Belo Horizonte. Na época, a superintendente do Iphan em Minas, Célia Corsino, sugeriu a remoção de pelo menos três deles, que estavam danificados. A equipe de reportagem flagrou, depois de forte chuva, até mesmo baldes no interior da construção ícone da cidade, enquanto funcionários colocavam capas nas telas e secavam o chão com panos. As infiltrações também apodrecem as placas curvas de madeira do forro original da nave.
Memória
A revolta das noivas
O processo de restauração se tornou um ponto polêmico na história da Igreja São Francisco de Assis. A obra deveria ter começado em novembro de 2016, mas esbarrou em mais de 200 casamentos que estavam marcados para este ano. O problema chegou a tal ponto que, em 30 de outubro de 2016, inconformados com um possível fechamento do templo, casais de noivos fizeram uma manifestação na porta do templo.