Motoristas que transitam pelos viadutos do Complexo da Lagoinha, no Centro de Belo Horizonte, vão encontrar mudanças na circulação do conjunto de elevados a partir de janeiro. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) espera concluir ainda em 2017 a obra do novo pontilhão do complexo, que custou R$ 61 milhões aos cofres públicos e atrasou em mais de um ano. A BHTrans, que é responsável pelo projeto viário do fluxo no local, afirma que a novo lógica do trânsito vai aumentar a capacidade viária de modo geral. Mas, de acordo com o supervisor de projetos viários da empresa, Marcelo Emerson Ferreira Santos, as intervenções vão ocorrer principalmente para melhoria da circulação dos ônibus do Move da Cristiano Machado no acesso ao Centro, já que estes ainda enfrentam interferência dos carros na Lagoinha. Em pouco mais de dois meses, a Sudecap pretende terminar de concretar o tabuleiro do viaduto e também asfaltar todo o pontilhão, antes de modificar uma barreira de concreto do atual Viaduto Leste. O objetivo é aumentar uma faixa aos veículos no sentido Centro/bairro do elevado antigo.
O novo viaduto começa com quatro faixas de circulação ao lado do Viaduto Leste, estrutura que hoje serve tanto aos ônibus quanto aos carros que saem do túnel da Cristiano Machado em direção ao Centro de BH, passando ao lado do Shopping Oiapoque e chegando à Praça da Estação. Quando a estrutura chega exatamente acima da Avenida do Contorno e da linha férrea, ela se divide, direcionando os diferentes fluxos para as vias do Hipercentro. Duas faixas continuam paralelas ao Viaduto Leste e se encaixam no meio da Contorno. As outras duas fazem uma curva à direita e fazem o encaixe com a Contorno em seu canto direito, na esquina com a Rua São Paulo, em frente ao Shopping Oiapoque.
“O projeto tem foco na melhoria das condições de tráfego dos ônibus no acesso ao Centro. Na chegada vindo pela Antônio Carlos, há um viaduto exclusivo para ônibus, enquanto pelo acesso de quem vem da Cristiano Machado, não havia nenhum tratamento mais exclusivo para isso”, afirma o supervisor da obra.
Outra mudança no Viaduto Leste vai ocorrer no sentido centro/bairro, saindo do Boulevard Arrudas para as avenidas Antônio Caros e Cristiano Machado. Com a mudança da barreira de concreto que divide os dois sentidos da estrutura, as duas atuais faixas ganham reforço de mais uma e os carros vão poder ocupar três faixas até o Túnel da Lagoinha.
GARGALO Apesar de circular em faixas exclusivas desde a Estação São Gabriel, na Região Nordeste da capital, até o Centro, o Move da Cristiano Machado enfrenta um gargalo considerável quando chega ao Complexo da Lagoinha, pois disputa espaço com o trânsito misto e por isso perde muitos minutos para alcançar as avenidas Santos Dumont e Paraná. Essa situação não acontece com o Move da Antônio Carlos, que trafega por viadutos exclusivos. Apesar do atraso, agora a estrutura aparece praticamente pronta para os motoristas que circulam na região.
“A parte de infraestrutura e de mesoestrutura está toda completa, assim como a parte de lançamento das vigas metálicas. Houve um atraso na obra em relação ao trecho sobre as linhas férreas da CBTU e da FCA, que teve que gerar convênios e liberações de ambos os órgãos. Também houve necessidade de rebaixamento da rede elétrica da CBTU, que alimenta o metrô de BH”, afirma o engenheiro da Sudecap, Mário Lúcio Ribeiro. Ele destaca que, apesar do atraso, não houve nenhum momento de paralisação da obra, com a manutenção das intervenções sempre em dois turnos e a presença de 100 trabalhadores nos canteiros de obras.
Expectativas com inauguração
Quem passa pela região já percebe, inclusive, que no início do viaduto o acabamento já está mais adiantado. “Na verdade, ali já fizemos uma proteção da camada de base que aguarda o asfalto”, acrescenta o engenheiro. As etapas que ainda aguardam conclusão para que o pontilhão fique 100% pronto são a concretagem do restante do tabuleiro e todo o asfaltamento. Depois disso, é provável que o trânsito seja desviado para o novo viaduto e fechado no antigo, pois será necessário fazer um ajuste no atual Viaduto Leste. Segundo Mário Lúcio, a barreira de concreto que separa os sentidos de circulação do elevado será modificada e levada para a esquerda, aumentando uma faixa para quem sai da Contorno e pega o elevado em direção às avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado. “Alguns serviços complementares, como o paisagismo, podem ficar para o ano que vem, mas o viaduto será concluído em 2017”, completa Mário Lúcio.
O auxiliar administrativo Roberto Silva, de 34 anos, espera que a situação melhore bastante com a inauguração do viaduto. Ele diz que mora no Bairro Aarão Reis, Norte de BH, e trabalha no Hipercentro, bem perto das estações do Move da Avenida Santos Dumont. Todos os dias usa o Move desde a Estação São Gabriel até o Centro. “Pela Cristiano Machado o ônibus vem muito rápido, mas quando chega na Lagoinha trava. Se puder ir em pistas exclusivas nessa região dos viadutos, vai melhorar demais para quem anda de ônibus”, afirma. O motorista que trabalha com aplicativos de transporte em BH, Rogério Batista, 45, acha que também pode melhorar para o trânsito em geral. “Me parece que vai aumentar o espaço também para os carros, então sem dúvida vai fluir melhor. Esse Viaduto Leste é muito antigo, a construção do novo era necessária”, afirma.
Via 710 pronta
Assim como o novo viaduto no Complexo da Lagoinha, Belo Horizonte também deverá ganhar pelo menos uma parte de outra grande obra de mobilidade até o fim do ano. Segundo a Sudecap, o trecho da Via 710 que vai desde o Minas Shopping até a Avenida José Cândido da Silveira ficará pronto até dezembro, restando para 2018 a outra metade, que vai da José Cândido até a Avenida dos Andradas. A nova ligação viária será uma possibilidade de conexão entre as regiões Leste e Nordeste da cidade sem a necessidade de usar a Avenida Cristiano Machado, historicamente saturada para o tráfego. Prevista para a Copa do Mundo, a Via 710 ficou fora da matriz de responsabilidades por conta das desapropriações necessárias para as obras, que se arrastaram na Justiça e tornaram inviável as intervenções até junho de 2014.