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É falsa denúncia de racismo e sequestro de criança no posto Graal, diz políciaMulher denuncia tentativa de sequestro de sua filha e racismo em posto da BR-381'A gente não pode se arrepender do que não teve opção', diz cunhado de Ana Hickman''Triste e acuada'', diz mãe sobre filha que teve cabelo cortado e alisado na casa do paiJustiça arquiva denúncia de mulher que teve turbante arrancado em baileSegundo a Polícia Civil, 13 pessoas foram ouvidas, entre elas dois policiais que estariam no posto Graal – por quem Jamille passou durante o tempo em que permaneceu no estabelecimento –, o motorista do ônibus – que a mulher acusou de dificultar a formalização da denúncia –, funcionários do posto e a própria Jamille. A Polícia Civil realizou também perícias de reconhecimento facial humano e de conteúdo de registros audiovisuais, que comprovaram que o depoimento dela era falso.
Os policiais atestaram que Jamille não esteve no banheiro do posto, contrariando a própria publicação, que diz que a suposta tentativa de sequestro aconteceu dentro de um sanitário. "Entrei no banheiro com minha filha que tem apenas 1 ano e 5 meses, e na saída uma moça bonita com aparentemente uns 30 anos deu a mão a ela", diz o texto publicado no dia 26 de junho deste ano, quando foi amplamente compartilhado e teve repercussão nacional.
Marcelo Vilela Guerra, delegado regional de Lavras, no Sul de Minas, disse que as ações foram apuradas imediatamente após a denúncia de Jamille.
O inquérito de acusação foi encaminhado à Justiça pelo delegado responsável, e Jamille poderá responder por denunciação caluniosa. A pena é prevista de dois a oito anos de prisão de acordo com o artigo 339, do Código Penal.
Relembre o caso
Em entrevista ao em.com.br, Jamille, que é negra, contou que voltava de São Paulo quando parou em uma lanchonete do Posto Graal. Ela disse que dentro de um dos banheiros uma outra mulher pegou a filha dela, que é branca, e tentou sequestrar a criança, dizendo que a menor não era filha de Jamile devido a diferença na cor da pele.
Jamillie teria relatado à funcionárias sobre o ocorrido, mas empregados da lanchonete disseram que a criança não era filha dela, pois era branca. “Essa preta aí pegou sua filha?” “Foi quando todos questionaram se eu era mesmo mãe da criança”, contou Jamille na época.
A susposta sequestradora, de acordo com Jamille, estava com uma certidão de nascimento e funcionárias do posto tiraram a criança de seu colo, entregando para a mulher, que era branca. Ela contou que teve que mostrar todos os documentos, autenticando que era mãe da menina. “Quando todos acreditaram em mim, o motorista disse que não poderia me esperar. Estava tão apavorada e com medo que fui embora”, contou.
Ao tentar registrar a ocorrência na rodoviária, mais um problema. “Eles (policiais) zombaram de mim e disseram que era impossível sem os dados da mulher. Eu não tinha nem o nome dela”. A ocorrência só foi finalmente registrada na Delegacia da Mulher de Betim, no dia 28 de junho.
*Sob supervisão da subeditora Ellen Cristie
*Sob supervisão da subeditora Ellen Cristie