(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Explosões de caixas eletrônicos exigem ação federal em Minas

Ataques de quadrilhas a agência bancárias, alvo de acordo fechado em Minas, exige também intervenção da União, diz delegado, pois várias bandos vêm da Bahia e de São Paulo


postado em 22/10/2017 06:00 / atualizado em 22/10/2017 08:19

(foto: Polícia Militar/ divulgação )
(foto: Polícia Militar/ divulgação )
O esforço da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) no combate às quadrilhas que têm atacado caixas eletrônicos pode se resumir a ações apenas no estado se a curto prazo o governo federal não assumir seu papel de integração da segurança nacional. É o que se conclui das informações do delegado Marcus Vinícius Lobo Leite, titular da Delegacia Especializada de Furtos, Roubos, Antissequestro e Organizações Criminosas (Deroc), do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp). Segundo ele, os ataques nas cidades do interior mineiro têm sido coordenados por quadrilhas de São Paulo, que agem no Sul e Centro-Oeste do estado, e da Bahia, responsável por investidas no Norte de Minas.

Segundo o policial, uma das dificuldades no combate a essas organizações é que seus integrantes praticam roubos nas cidades mineiras e depois retornam para suas bases nos estados vizinhos. “Com esse trabalho integrado, por meio de uma força tarefa com as polícias Civil e Militar, Federal, Ministério Público e Poder Judiciário, coordenado pela Sesp, com troca de informações, teremos uma maior resposta para conter essa atividade criminosa”, destacou, mencionando protocolo firmado pela Secretaria de Segurança Público mineira para definir ações em casos de ataques no estado.
O delegado Marcus Vinícius lembra que recentemente foi desarticulada uma quadrilha com base no interior baiano, responsável por ataques a terminais bancários de 16 cidades no Norte de Minas. “Foram identificados 12 integrantes da quadrilha, dos quais prendemos cinco, já que os outros sete foram mortos em troca de tiros com policiais da Bahia. Nessa modalidade de crime é necessária uma investigação de qualidade para se antecipar ao criminoso. E, nesse sentido, a integração, a troca de informações das forças de segurança de todos os estados, e também federais, é um fator importante”, assinalou.
Para Marcus Vinícius, para um maior avanço das ações integradas propostas pelo governo estadual, além da troca de informações entre os vários órgãos envolvidos no estado, a participação comunitária e de administrações municipais será fundamental. “Minas é um estado extenso e tem muitos municípios, muitos dos quais de pequeno porte. Os moradores, ao perceberem a movimentação de pessoas estranhas, carros com placas de outros estados, devem alertar a polícia pelo telefone disque denúncia 181. Donos e funcionários de pousadas sabem quando o hospede não é um viajante costumeiro. E o mais importante é que os prefeitos invistam em monitoramento eletrônico, já que esse tipo de ataque afeta toda a cidade e pode resultar em tragédia.”

PROCOLO MINEIRO
Porém, enquanto o governo federal não sinaliza com ações integradas de segurança no combate aos ataques a caixas eletrônicos, modalidade que fortalece financeiramente facções criminosas no país, em Minas oito instituições lideradas pela Sesp formalizaram na semana que passou um protocolo de crise para padronizar as operações de cada entidade diante das ofensivas e fortalecer o combate a esse tipo de crime. O acordo de cooperação faz parte de um trabalho que já vinha ocorrendo há cerca de dois meses, a partir de determinação do governador Fernando Pimentel (PT) para dar uma resposta ao crime organizado.
A luz de alerta se acendeu diante do crescente número de agências explodidas, policiais mortos e cidades aterrorizadas pela invasão de bandos fortemente armados. Batizada de novo cangaço, a ação de quadrilhas especializadas em estouro de caixas eletrônicos representou, em média, 13 ataques a agências por mês em Minas Gerais neste ano, ou um caso a cada 2,2 dias. De janeiro a setembro foram computadas 120 ações criminosas do tipo. Mesmo com um recuo de 36,5% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram 189 ocorrências, o número ainda é preocupante, principalmente pela violência extrema usada pelas quadrilhas, inclusive com ataques diretos às forças de segurança.
Horas depois de formalizado o protocolo, na madrugada da terça-feira passada, uma agência do Banco do Brasil e outra do Itaú foram atacadas por uma quadrilha em Bambuí, no Centro-Oeste mineiro. Ainda na terça-feira, mas no Norte de Minas, outro grupo de criminosos com armamento pesado fechou com uma carreta a BR-251, nas imediações de Grão Mogol, para assaltar um carro-forte. Eles interceptaram o veículo de uma transportadora de valores e trocaram tiros com os vigilantes. Em seguida, explodiram uma das portas, levando quantidade não informada de dinheiro. Cerca de 15 pessoas atuaram nesse caso e há suspeitas de que o grupo esteja ligado a outro ataque, cometido da mesma forma em Unaí, no Noroeste de Minas, em maio.
É provável que mais esse ataque cinematográfico tenha partido de quadrilhas com sede no Sul da Bahia. “Nessas ações são usados armamentos pesados, como fuzis 556 e 762, e metralhadoras de 9 mm. Nas explosões nem sempre são artefatos do tipo usados na mineração, com controle do Exército. Os criminosos têm lançado mão de explosivos artesanais”, explicou o delegado Marcus Vinícius. Segundo ele, uma das características dos bandidos de organizações com sede na Bahia é o forte poder bélico, enquanto os grupos paulistas se destacam pela capacidade de planejamento e logística.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)