O levantamento mais recente do Ministério da Saúde mostra que a epidemia de Aids tem se concentrado, principalmente, entre populações vulneráveis e pacientes mais jovens. Segundo a pasta, destaca-se o aumento entre jovens de 15 a 24 anos, sendo que entre 2006 e 2015 a taxa entre aqueles de 15 a 19 anos mais que triplicou, passando de 2,4 para 6,9 casos a cada 100 mil habitantes. Entre as pessoas de 20 a 24 anos a taxa dobrou, passando de 15,9 para 33,1 casos a cada 100 mil habitantes.
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Resistência do HIV em pacientes preocupa autoridades de saúde em MinasAlerta para HIV em BH cresce entre mais jovens Investigado por transmitir HIV para três mulheres é preso em Pirapora Pirulito da Praça Sete ganha 'camisinha' no Dia Mundial de Combate à AidsBH terá semana de calor, mas há possibilidade de chuvaIncêndio atinge restaurante em galeria na Avenida Cristiano MachadoHomem morre após quebrar vidro da casa da namorada em BHOs números que mostram a incidência de HIV/Aids em Minas também revelam a preocupação dos órgãos de saúde para o controle da epidemia que assombrou o país a partir do fim dos anos 1980. Dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) revelam uma alta de 79% dos casos de infecção pelo vírus somados aos novos pacientes que desenvolveram a doença entre 2008 e o ano passado. O total passou de 2.563 para 4.588 casos no período. Neste ano já são 2.709 casos até 18 de outubro. “A infecção continua crescendo, dentro da taxa do padrão brasileiro. Não é um índice alarmante, como os africanos. Exceto entre homens jovens que fazem sexo com outros homens, que têm taxas de infecção entre 10% e 20%”, afirma o médico infectologista Dário Brock Ramalho, consultor da Secretaria de Estado de Saúde.
Sobre a resistência do HIV aos antirretrovirais, o médico explica que esse é um quadro que deve ser visto como alerta. Mas, ressalta, ele vale para grupos específicos. “Os avanços nos medicamentos trazem situação um pouco mais confortável para quem vive com HIV em relação a anos atrás. Hoje, o tratamento para a infeção por HIV e Aids é potente, barato e disponível na rede pública de saúde. Há muitas drogas, de diferentes tipos. Claro que não é o melhor dos mundos, porque, afinal, não há cura. Mas, atualmente os resultados são melhores e houve simplificação das drogas em uma ou duas pílulas tomadas ao dia”, diz.
VULNERABILIDADE O médico reconhece, entretanto, que apesar de a adesão ao tratamento ter aumentado nos últimos anos, ainda há casos de negligência às terapias que abrem portas para o surgimento da resistência pelo vírus. “Quando o paciente começa a ser tratado, ele recebe o medicamento de primeira linha, o melhor. Mas, se não usa adequadamente essa droga, o vírus pode se tornar resistente e o paciente terá de ser tratado com outras substâncias, nesse caso de segunda linha, que têm menor eficácia e mais efeitos colaterais”, explica. Isso ocorre, segundo ele, exclusivamente pela não adesão ou em casos raros de pacientes que têm o vírus há muitos anos ou até há décadas e que desenvolveram micro-organismos resistentes a drogas.
A Secretaria de Saúde da capital também destaca os avanços do Brasil nas terapias para controle da epidemia e afirma que ao longo dos anos, a indústria farmacêutica vem aprimorando as drogas usadas no tratamento da infecção pelo HIV. “Os medicamentos atualmente disponíveis são mais potentes e menos suscetíveis às mutações do vírus. O Brasil adota em seu arsenal terapêutico medicamentos que apresentam elevada potência e por esta razão os riscos de falha são minimizados”, informa.
Ação combinada na rede pública
Em relação à prevenção ao HIV e à Aids, o Brasil vem diversificandoas ações dentro de um conceito de prevenção combinada, que inclui distribuição de preservativos masculinos e femininos, gel lubrificante, ações educativas e ampliação de acesso a novas tecnologias, como testagem rápida (incluindo fluido oral), profilaxia pós-exposição e profilaxia pré-exposição. As ações de prevenção dirigidas a grupos que concentram maior carga de infecção pelo HIV, como homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo etc, vêm sendo continuamente ampliadas, segundo o Ministério da Saúde. A pasta afirma também realizar campanhas de prevenção ao longo do ano, que atualmente têm se concentrado nos jovens.
A ameaça no microscópio
O VÍRUS HIV é a sigla em inglês para o vírus da imuno deficiência humana. Causador da Aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4%2b. É alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.
TRANSMISSÃO É transmitido de um indivíduo ao outro por relações sexuais desprotegidas, da mãe para o filho, durante gestação, parto e amamentação e por compartilhamento de materiais perfurantes ou cortantes contaminados, como agulhas para uso de drogas injetáveis. A pessoa infectada pelo HIV pode permanecer assintomática por muitos anos e por esse motivo desconhecer seu diagnóstico, podendo levar de oito a 10 anos para manifestar a doença.
EFEITOS O vírus é capaz de causar danos ao sistema imunológico quando não tratado, a ponto de deixar o paciente vulnerável a outras infecções, como pneumonias diversas, tuberculose, meningite fúngica, entre outras. A esse estado de comprometimento imune dá-se o nome de síndrome da imunodeficiência humana adquirida, conhecida como Aids (ou Sida).
MUTAÇÕES GENÉTICAS O HIV é um vírus considerado sofisticado e com elevada taxa demutação. Por dia, cerca de 10 bilhões de partículas virais são produzidas em cada paciente infectado. Todas essas partículas têm pelo menos uma mutação emseu código genético. São essas transformações em caso de pessoas que não seguem corretamente o tratamento que têm potencial para gerar cepas do micro-organismo resistente aos medicamentos, hoje considerados altamente eficazes.