Jornal Estado de Minas

Manejo de capivaras na Pampulha se arrasta e temor de febre maculosa é real

Em meio à suspeita de que um visitante do Parque Ecológico da Pampulha morreu na sexta-feira por febre maculosa, a questão do manejo das capivaras na área da lagoa, por serem um dos hospedeiros do carrapato-estrela, que transmite a doença, ainda aguarda avaliação no fim do mês. Em fevereiro deste ano, Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi assinado entre o Ministério Público do Estado de Minas Gerais e administração municipal, mas a solução que se arrasta há cinco anos ainda não tem data prevista para ser adotada, apesar de anúncio de que em seis meses situação seria resolvida.

O paciente que morreu com sintomas da doença, que segundo parentes teria ido ao parque dias antes de sentir mal, é um homem, morador de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No dia 17, foi atendido pela primeira vez na UPA Ressaca, para então ser internado no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Municipal de Contagem, onde faleceu.

O alerta para a necessidade de manejo das capivaras na Pampulha acendeu em 2011, quando na cidade paulista de Campinas, quatro funcionários de um parque foram diagnosticados com febre maculosa. No local, 13 capivaras foram sacrificadas. E três dos trabalhadores morreram.

Mas foi em 2012, quando se registrou um crescimento da população do roedor na orla da Lagoa da Pampulha, com a destruição dos jardins de Burle Marx, no Museu de Arte da Pampulha, iniciou-se a discussão sobre a inviabilidade da convivência dos animais no espaço urbano.

Em setembro de 2014, na administração municipal anterior, 52 capivaras foram capturadas e confinadas. Em março do ano seguinte, quando existiam apenas 14 delas, já que as demais tinham morrido, a Justiça determinou a soltura das que restavam na orla. Porém, em setembro de 2016, uma criança de 10 anos, que esteve no parque, morreu com a febre maculosa e a discussão sobre o manejo dos roedores foi retomada, com assinatura do TAC em fevereiro deste ano.

No fim do mês deve sair parecer sobre contratação de serviços

Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que as atividades de remanejo ainda não se iniciaram, tendo em vista que o Termo de Referência, o Contrato Administrativo e Análise jurídica relativa à modalidade pública de contratação está pendente de parecer da Procuradoria-geral do Município (PGM), o que deve ocorrer até o próximo dia 30 de outubro.

No TAC, entre as obrigações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, estão a contratação de equipe técnica especializada, o monitoramento e esterilização das capivaras existentes hoje no entorno da Lagoa da Pampulha.
Também está previsto que o planejamento e implementação das ações definidas no acordo, devem observar “os princípios da senciência e bem-estar dos animais sob manejo, de maneira que, tão logo sejam realizados os procedimentos de esterilização de machos e fêmeas e a reabilitação correspondente, as capivaras sejam reintroduzidas no meio natural, no prazo de 90 dias.”

Também foi acertada a elaboração de plano de educação, conscientização e sensibilização da população humana que reside e frequenta o local, para obter as informações relativas à prevenção no contato com o carrapato-estrela, bem como as medidas indicadas no pós-contato, para reduzir o risco de contágio pela bactéria Rickettsia rickettsii e o desenvolvimento da febre maculosa e outras enfermidades associadas. O cronograma de atividades apresentado ao MPMG, que passa a valer a partir da data da assinatura do contrato administrativo junto a empresa especializada responsável pelo manejo, prevê a realização do trabalho em um ano.
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