Uma injeção de ânimo nos moradores e de esperança para o distrito colonial de Glaura, em Ouro Preto, na Região Central. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vai destinar cerca de R$ 1 milhão para obras emergenciais na Matriz de Santo Antônio, datada de 1764 e tombada pela União. Segundo a superintendente da autarquia federal em Minas, Célia Corsino, o recurso provém da iniciativa privada – por enquanto, o nome da empresa não será divulgado. O anúncio oficial à comunidade será amanhã, às 10h, durante audiência pública com participação de parlamentares e outras autoridades no templo e na sede da associação comunitária do distrito, localizado a 28 quilômetros do Centro Histórico de Ouro Preto.
Interditado há um ano e quatro meses, o imponente templo barroco recebeu reparos na cobertura, nesse caso, fruto de apoio financeiro recolhido de casa em casa por voluntários, mas sofre com as trincas, motivo de grande temor para as famílias, comerciantes e admiradores do patrimônio barroco. “Fico muito feliz com a ótima notícia, pois estamos mobilizados há muito tempo em prol da restauração da igreja. O dinheiro ainda não é suficiente para todo o serviço, mas ajuda muito”, festeja o designer gráfico e dono de restaurante no distrito Alexandre Andrade. Ele demonstrou preocupação com a temporada de chuvas: “O telhado foi reformado, porém, há rachaduras nas paredes”.
Há mais de um ano, o Estado de Minas esteve em Glaura e mostrou a situação da igreja com suas cicatrizes profundas, entre elas uma fenda na portada em pedra, trabalhada em cantaria, num quadro que apavora também quem chega ao distrito. “Tudo isso nos deixa tristes. Felizmente, não perdemos a esperança e continuamos lutando”, afirma o comerciante Márcio Silva, integrante da comissão de mobilização pró-restauro. Ele lembra que a interdição ocorreu em 16 de junho do ano passado. Desde então, as celebrações religiosas deixaram o território sagrado, o tradicional espaço de encontros comunitários saiu de cena e os moradores já não podem ver, sem apreensão, as portas fechadas.
A audiência pública no distrito terá a participação dos deputados integrantes da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa (ALMG) – João Bosco (presidente), Elismar Prado, Carlos Pimenta, Glaycon Franco e Rosângela Reis. Conforme a assessoria do Legislativo, foram também convidados representantes da Secretaria de Estado de Cultura, da Prefeitura de Ouro Preto, do Ministério Público de Minas Gerais, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), da Arquidiocese de Mariana e de outros órgãos, A superintendência do Iphan será representada pela chefe de gabinete, Rosângela Guimarães.
SEGURANÇA Atentos às ameaças ao templo, os defensores do patrimônio tomaram no ano passado uma providência para dar sustentação à fachada: três barrotes de madeira foram colocados para servir de escora. No entanto, explica Alexandre, um deles caiu, “sinalizando alguma movimentação da construção”, e uma nova peça foi posta no lugar. Em 23 de agosto, o chefe do escritório do Iphan em Ouro Preto, André Macieira, e a coordenadora do PAC Cidades Históricas pela Prefeitura de Ouro Preto, Débora Queiroz, ambos arquitetos, estiveram em Glaura reunidos com a comunidade. “A igreja não está em arruinamento. De seis meses para cá, estamos fazendo o monitoramento, e não houve qualquer movimentação”, tranquiliza Macieira. Ele explicou que as trincas são “uma reação da estrutura à umidade do solo”.
Macieira afirmou que a Matriz de Santo Antônio, em Glaura, e a Capela do Bom Jesus de Matosinhos/São Miguel e Almas, no Centro Histórico de Ouro Preto, são prioridades da superintendência do Iphan em Minas. “Fazemos o acompanhamento com muita proximidade. Os projetos estão em fase de conclusão e o estrutural já foi até aprovado pelo Iphan”, disse o arquiteto.
Por medida de segurança, todas as imagens, especialmente a do padroeiro Santo Antônio, foram retiradas dos altares. Percorrendo o interior do templo ou admirando o entorno, há sempre surpresas: na porta principal, chamam a atenção, em alto-relevo, em madeira, as imagens de Santo Antônio e Maria Concebida, padroeiros de Glaura. A última restauração de relevância ocorreu há 60 anos.
HISTÓRIA De acordo o Iphan, a Matriz de Santo Antônio é uma construção em pedra, com duas torres quadrangulares (na da esquerda está o sino; na da direita, o relógio) e janelas sineiras. Acima da porta principal há uma imagem de Santo Antônio protegida por nicho fechado com vidro. Os estudos mostram que os altares laterais são em talha barroca. Casamentos, batizados e missas eram celebrados no templo, que, em 2003, conforme laudo do Iphan, necessitava “de pintura nas fachadas e de restauração dos elementos artísticos”.
Três projetos mineiros, dois executados em Belo Horizonte, vão receber o 30º Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que reconhece, em caráter nacional, ações de preservação do patrimônio cultural. São eles Retratistas do morro – Preservação da memória visual do Aglomerado da Serra, Patrimônio em processo: restauração do Espaço Comum Luiz Estrela, e Quilombolas do Vale do Jequitinhonha – Música e memória. A festa de entrega, desta vez homenageando os 80 anos do Iphan, será hoje, às 19h, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ). O nome do prêmio destaca o primeiro presidente do Iphan, o advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969). Natural de Belo Horizonte, ele presidiu a instituição durante 30 anos desde sua fundação, em 1937.
Interditado há um ano e quatro meses, o imponente templo barroco recebeu reparos na cobertura, nesse caso, fruto de apoio financeiro recolhido de casa em casa por voluntários, mas sofre com as trincas, motivo de grande temor para as famílias, comerciantes e admiradores do patrimônio barroco. “Fico muito feliz com a ótima notícia, pois estamos mobilizados há muito tempo em prol da restauração da igreja. O dinheiro ainda não é suficiente para todo o serviço, mas ajuda muito”, festeja o designer gráfico e dono de restaurante no distrito Alexandre Andrade. Ele demonstrou preocupação com a temporada de chuvas: “O telhado foi reformado, porém, há rachaduras nas paredes”.
Há mais de um ano, o Estado de Minas esteve em Glaura e mostrou a situação da igreja com suas cicatrizes profundas, entre elas uma fenda na portada em pedra, trabalhada em cantaria, num quadro que apavora também quem chega ao distrito. “Tudo isso nos deixa tristes. Felizmente, não perdemos a esperança e continuamos lutando”, afirma o comerciante Márcio Silva, integrante da comissão de mobilização pró-restauro. Ele lembra que a interdição ocorreu em 16 de junho do ano passado. Desde então, as celebrações religiosas deixaram o território sagrado, o tradicional espaço de encontros comunitários saiu de cena e os moradores já não podem ver, sem apreensão, as portas fechadas.
A audiência pública no distrito terá a participação dos deputados integrantes da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa (ALMG) – João Bosco (presidente), Elismar Prado, Carlos Pimenta, Glaycon Franco e Rosângela Reis. Conforme a assessoria do Legislativo, foram também convidados representantes da Secretaria de Estado de Cultura, da Prefeitura de Ouro Preto, do Ministério Público de Minas Gerais, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), da Arquidiocese de Mariana e de outros órgãos, A superintendência do Iphan será representada pela chefe de gabinete, Rosângela Guimarães.
SEGURANÇA Atentos às ameaças ao templo, os defensores do patrimônio tomaram no ano passado uma providência para dar sustentação à fachada: três barrotes de madeira foram colocados para servir de escora. No entanto, explica Alexandre, um deles caiu, “sinalizando alguma movimentação da construção”, e uma nova peça foi posta no lugar. Em 23 de agosto, o chefe do escritório do Iphan em Ouro Preto, André Macieira, e a coordenadora do PAC Cidades Históricas pela Prefeitura de Ouro Preto, Débora Queiroz, ambos arquitetos, estiveram em Glaura reunidos com a comunidade. “A igreja não está em arruinamento. De seis meses para cá, estamos fazendo o monitoramento, e não houve qualquer movimentação”, tranquiliza Macieira. Ele explicou que as trincas são “uma reação da estrutura à umidade do solo”.
Macieira afirmou que a Matriz de Santo Antônio, em Glaura, e a Capela do Bom Jesus de Matosinhos/São Miguel e Almas, no Centro Histórico de Ouro Preto, são prioridades da superintendência do Iphan em Minas. “Fazemos o acompanhamento com muita proximidade. Os projetos estão em fase de conclusão e o estrutural já foi até aprovado pelo Iphan”, disse o arquiteto.
Por medida de segurança, todas as imagens, especialmente a do padroeiro Santo Antônio, foram retiradas dos altares. Percorrendo o interior do templo ou admirando o entorno, há sempre surpresas: na porta principal, chamam a atenção, em alto-relevo, em madeira, as imagens de Santo Antônio e Maria Concebida, padroeiros de Glaura. A última restauração de relevância ocorreu há 60 anos.
HISTÓRIA De acordo o Iphan, a Matriz de Santo Antônio é uma construção em pedra, com duas torres quadrangulares (na da esquerda está o sino; na da direita, o relógio) e janelas sineiras. Acima da porta principal há uma imagem de Santo Antônio protegida por nicho fechado com vidro. Os estudos mostram que os altares laterais são em talha barroca. Casamentos, batizados e missas eram celebrados no templo, que, em 2003, conforme laudo do Iphan, necessitava “de pintura nas fachadas e de restauração dos elementos artísticos”.
Mineiros premiados
Três projetos mineiros, dois executados em Belo Horizonte, vão receber o 30º Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que reconhece, em caráter nacional, ações de preservação do patrimônio cultural. São eles Retratistas do morro – Preservação da memória visual do Aglomerado da Serra, Patrimônio em processo: restauração do Espaço Comum Luiz Estrela, e Quilombolas do Vale do Jequitinhonha – Música e memória. A festa de entrega, desta vez homenageando os 80 anos do Iphan, será hoje, às 19h, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ). O nome do prêmio destaca o primeiro presidente do Iphan, o advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969). Natural de Belo Horizonte, ele presidiu a instituição durante 30 anos desde sua fundação, em 1937.