Nesta terça-feira, três dos quatro investigados por suspeita de envolvimento no caso foram presos pela Polícia Civil.
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Suspeitos da morte de fisiculturista na boate Hangar 677 são presos Anestésico encontrado em exame aumenta polêmica sobre morte de fisiculturistaPolícia nega uso de drogas por fisiculturista morto em boate de BHPolicial militar está entre indiciados por morte de fisiculturista em boate de BHInvestigação aponta que fisiculturista foi vítima de homicídio em boate de BHEm entrevista concedida na porta do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na manhã desta terça-feira, Quaresma negou que o pescoço de Allan tenha sido quebrado. Mais cedo, ele havia informado ao em.com.br, por telefone, que tinha tido acesso ao laudo que aponta a causa da morte do jovem. “Não teve fratura nenhuma de pescoço. Teve uma lesão sim, no pescoço, mas não houve nenhuma fratura de pescoço.
Quaresma disse que já contratou uma empresa para avaliar o documento. “A causa da morte está estampada no laudo. Vou contestar com argumentos técnicos aquilo que nós entendemos que está equivocado”, disse o advogado, ressaltando que não houve dolo (intenção de matar) no caso. “O moço foi 'pilhado' com 68 comprimidos de ecstasy, mais cloridrato de cocaína. Tinha no corpo uma substância chamada cetamina, que é um anestésico potente ao extremo que é utilizado como entorpecente, e naquela reação houve um confronto físico.
Outro homem, identificado como Paulo Henrique Pardin de Oliveira, também está preso, conforme seu advogado, Fábio Domingos.
A mãe de Paulo Henrique, Anita Pardin, esteve no DHPP após a prisão do filho. Ela contou que ele já foi empregado de duas firmas de segurança, mas atualmente faz bicos desse serviço. No dia da morte de Allan, ele estava a passeio na casa noturna. Ainda segundo a Anita, o filho não anda armado. “Ele anda quando está dentro da firma. Não acham arma (na casa de Paulo). (Policiais) Já foram lá duas vezes. Não tem arma não”, disse a mulher.
De acordo com a doméstica, que tem 51 anos, Paulo Henrique disse que, na madrugada da morte de Allan, viu a confusão e foi pedir ajuda. Anita acredita na inocência do filho e falou sobre como foi ver o filho sendo preso. “Achei horrível, né? Não esperava nunca passar por isso. Foi péssimo”.
HABEAS CORPUS Ainda na porta do DHPP, Quaresma disse que já esperava que os mandados fossem expedidos. “Na semana passada eu tive acesso ao relatório da necropsia. Na hora que eu vi a causa mortis, imediatamente constituímos uma empresa para poder fazer uma análise técnica do relatório da necropsia assim como do laudo toxicológico que foi apresentado, e avisei (aos clientes) 'olha, saiam, porque vocês terão prisão temporária decretada. Assim que sair, eu os apresento ao magistrado'”, revelou.
O advogado disse que deve pedir o reexame dos pedidos de prisão ou elaborar habeas corpus para os três investigados que ele representa. “Eu fico perplexo porque hoje no Brasil se prende para depois apurar.
No fim da manhã, a Polícia Civil divulgou uma nota confirmando que foi deflagrada uma operação referente ao inquérito que investiga a morte de Allan. “As investigações seguem em sigilo e outras informações serão repassadas somente na conclusão do IP (inquérito policial)”.
O advogado da família de Allan Pontelo, Geraldo Magela, chegou no início da tarde ao Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para conversar com o delegado que conduz as investigações e tomar conhecimento do resultado do laudo de necrópsia realizado no fisiculturista.
Segundo o defensor, as prisões fundamentam a versão da família que, desde o início, afirmou que Allan foi assassinado. "A família desde o início defende que ele foi vítima de um crime de homicídio, e essas prisões confirmam isso. Mas nós ainda não tivemos acesso ao laudo pericial pra determinar as causas da morte. A gente precisa de saber agora é o teor do laudo, porque isso é uma prova técnica que não se discute," destacou.
Caso seja comprovado que Allan foi morto pelos seguranças da boate, Magela diz que vai poderá acionar judicialmente os proprietários do Hangar 677 e a empresa contratada para ser responsável da segurança na casa noturna no dia da morte.
"Sendo concluído o inquérito, isso será encaminhado ao Ministério Público para se ter o competente processo e a família vai acompanhar. Posteriormente, vamos buscar as responsabilizações nas esferas cíveis dos devidos responsáveis. A gente vai verificar o resultado do inquérito para apurar essas responsabilidades devidas, mas todos os responsáveis serão acionados," finalizou.
Entenda o caso
A morte de Allan Guimarães Pontello ocorreu entre 4h e 5h do dia 2 de setembro na boate, que fica na Região Oeste de Belo Horizonte. A Polícia Militar (PM) colheu as informações com as testemunhas. “A versão dos seguranças é de que o rapaz foi abordado com drogas e, depois, sofreu um ataque cardíaco no local. Eles alegam que tentaram reanimar o jovem e não conseguiram”, explicou o tenente Jerry Adriano Martins de Abreu, da 126ª Companhia da Polícia Militar (PM), responsável pela área. Antes e passar mal o jovem teria corrido e saltado algumas grades, caindo no chão em seguida, ainda conforme a PM.
Um amigo de Allan disse que os dois foram ao banheiro e, depois de ser abordado por dois seguranças, Allan foi levado para um lugar privado na boate. “Fui tentar ver onde eles estavam e os seguranças colocaram o revólver no meu peito e me mandaram sumir”, afirma. Ele garantiu que foi ameaçado caso não deixasse o local.
Segundo o rapaz, eles fecharam uma porta de metal e não conseguiu ver mais nada. “Fui procurar ajuda, pedir para uma amiga falar com quem estava organizando a festa e, quando voltei, o Allan já estava dentro da ambulância e alegaram que ele tinha falecido”, diz. Castanheira ressalta que o amigo não fazia uso de drogas e era saudável, sem problemas de saúde. “Às 3h07, ele me deu um toque no celular, mas eu não vi. Às 3h15, quando retornei, ele já não atendeu mais”.
Com o mistério nas causas da morte de Allan Pontelo, familiares e amigos do fisiculturista se mobilizaram para pedir justiça e esclarecimentos dos donos do Hangar 677. Uma página foi criada no Facebook e outdors foram espalhados por bairros de Contagem.
No fim do mês passado, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) não identificou o uso de drogas e/ou álcool pelo jovem. Mas detectou a cetamina, que é um medicamento usado como anestesia geral em cirurgias em humanos e também em animais. O produto também tem efeito alucinógeno.
A dúvida sobre o uso indiscriminado ou não do jovem da substância foi levantada pela defesa dos seguranças da boate. Em uma página de uma rede social, o advogado Ércio Quaresma questionou as informações de que o jovem não tinha feito uso de drogas. Exibindo cópia do laudo que apontou que Allan não usou cocaína, maconha ou ecstasy, o advogado destaca em sua página que o documento técnico apresenta a presença de ketamine (cetamina) no sangue e vísceras do rapaz.
*Sob supervisão do editor Benny Cohen
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