Jornal Estado de Minas

Viagem no tempo 360º: ruínas do Ciclo do Ouro em Minas podem ser visitadas pela internet

Três importantes sítios arqueológicos em Minas Gerais poderão ser visitados virtualmente em um tour 360 graus: as ruínas da Fábrica Patriótica, em Congonhas; as das Casas Velhas, em Moeda, ambas na Região Central de Minas; e as do Forte de Brumadinho, no município homônimo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Lugares que contam páginas importantes da história do estado em períodos diferentes e, hoje, pertencem à mineradora Vale.

“Escolhemos os três sítios porque são momentos diferentes da evolução dos ciclos econômicos de Minas Gerais. O forte é do início do século 18, auge da produção de ouro. O conjunto conhecido como Casas Velhas é a transição da economia, época dos tropeiros, no fim daquele mesmo século. Já a Fábrica Patriótica é no início do 19, pós-Ciclo do Ouro”, explicou o arqueólogo Warley Delgado.

A Fábrica Patriótica foi erguida em 1812, e ostenta o título de primeira indústria de ferro do Brasil. Fundado pelo barão de Eschwege, um alemão com estreito laço com a monarquia portuguesa, o empreendimento contava com uma grande casa, uma senzala, quatro fornos e um engenho para processar minério.

Apesar de toda a importância para a economia da então colônia, a indústria teve vida curta. Quem explica é Delgado: “Funcionou por 10 anos, até 1822, quando o barão perdeu o apoio da Coroa para continuar tocando os negócios. Mas a fábrica teve grande importância.
O alemão, por exemplo, incorporou a insuflação de ar nos fornos, o que melhora a queima. Com isso, há ganho de produtividade”.



Os outros dois sítios remetem ao Ciclo do Ouro. O Forte de Brumadinho, apesar do nome, não era uma fortaleza. A construção abrigava a sede de uma empresa de mineração. Reflete uma época em que o território das Gerais foi marcado pela violência. Na prática, a ausência de proteção por parte da Coroa portuguesa obrigava os mineradores a se defender por seus próprios meios.

Daí a construção dos muros altos. As ruínas são tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), como parte do Conjunto Histórico e Paisagístico da Serra da Calçada.
Parte dela abrigava o caminho pavimentado com lajes de pedra de mão que unia o Vale do Paraopeba à Serra da Moeda, onde havia um entroncamento da Estrada Real.

Por sua vez, as ruínas de Casas Velhas estão na reserva particular do patrimônio natural de mesmo nome, criada pela Vale na Serra dos Mascates. A origem do conjunto ainda é uma incógnita para muitos historiadores. Relatos orais dão conta de que o lugar pode ter sido base militar, entreposto comercial ou fazenda de gado e lavoura.

Outra corrente defende que o local foi um ponto de apoio para tropeiros que rasgavam o estado em lombo de montarias. Faltam documentos para revelar quem teria sido o dono do imóvel. No dito popular, contudo, o local seria propriedade do barão de Paraopeba.

VISITAS Os três sítios arqueológicos recebem visitas presenciais agendadas com a Vale. A mineradora garante que o lançamento do tour em 360 graus não é uma estratégia para suspender ou interromper a presença de visitantes. Pelo contrário, conforme destaca o único arqueólogo da Vale. “Estamos democratizando a informação.
Favorecendo pessoas que moram longe ou que têm dificuldade de mobilidade. Mas as visitas presenciais continuarão”, reforçou Delgado.

Totens interativos oferecendo os tours nos três sítios serão instalados na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), no Iepha, no Centro de Proteção e Educação Ambiental da Vale (Cpea) e no Memorial Minas Gerais Vale, na Praça da Liberdade.

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Para visitar virtualmente as ruínas da Fábrica Patriótica, das Casas Velhas e do Forte de Brumadinho: www.vale.com/sitios-arqueologicos.