Leia Mais
Prefeitura de Mariana vê nova mineradora como saída para melhorar finançasBento Rodrigues é hoje um cemitério de casas abandonadasRompimento da Barragem do Fundão segue gerando transtornos até o oceano Tragédia da Samarco atingiu até o próprio ramo de mineração no Rio DoceRompimento de barragem deixa Rio Doce mais raso e eleva risco de enchentesIndenização para todas as vítimas da tragédia de Mariana ainda é missão difícilPai é preso suspeito de estuprar a filha de 14 anos em VespasianoMotoristas enfrentam lentidão no acesso ao Centro de BH nesta segunda-feiraSemana começa com chuva e temperaturas amenas em BHOs pedidos de licença prévia e licença de instalação do empreendimento, de responsabilidade da Fênix Mineração Ouro Preto Ltda., que já atua na extração de areia no município de Piranga, na Zona da Mata, foram protocolados em 31 de março deste ano, um ano e meio depois da tragédia da Samarco, mas a empresa sustenta que já vem, desde 2009, se preparando para atuar na região.
Segundo a Semad, o processo ainda não foi analisado pelos técnicos da Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram) Metropolitana e, com base na nova legislação ambiental do estado, a concessão das duas licenças será definida pelo superintendente do órgão a partir do parecer de técnicos. Não haverá necessidade de votação no Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), pois o empreendimento foi enquadrado como classe 3 (em uma escala que vai de um a seis do menor para o maior impacto ambiental). Ainda segundo a Semad, caso sejam aprovadas as viabilidades locacional e ambiental e as medidas de controle, o empreendedor deverá, posteriormente, solicitar a licença de operação para iniciar a atividade no local.
DANOS O principal dano admitido no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no Relatório de Impacto Ambiental (Rima) são dois desvios no Rio Gualaxo do Norte, entre Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, os dois primeiros subdistritos de Mariana por onde a lama passou soterrando e destruindo casas e matando pessoas. Nesse caso, a empresa está obrigada a solicitar a outorga para os desvios, documento que consta no processo de licenciamento ambiental. Se a análise dos técnicos apontar que o desvio é de grande porte, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce terá que se manifestar.
O secretário-executivo do comitê, Edson Valgas, informou que é importante ter a oportunidade de analisar os estudos ambientais e as medidas mitigadoras e compensatórias propostas pelo empreendedor para conhecer e monitorar todos os riscos e evitar novos desastres. Porém, ele já adianta que os impactos previstos são consideráveis.
No local onde a empresa pretende atuar, o Rio Gualaxo a custo se recupera e ainda exibe marcas visíveis da passagem da lama. Uma camada espessa dos rejeitos se acumula nas margens do curso d’água, onde também é possível observar a vegetação brotando em meio à capa grossa e rígida, resultado do acúmulo de toneladas de rejeitos de minério. Entre os pontos inicial e final de previsão do primeiro desvio do rio, visitados pela reportagem do EM, também é possível perceber algumas ações de contenção do material da Barragem de Fundão, como barreiras de pedras e de biomantas, espécie de tela de composição orgânica para fixar a vegetação ciliar, tão necessária para garantir a vitalidade do rio. O povoamento mais próximo em linha reta é o distrito de Camargos, que também pertence a Mariana, distante 7,6 quilômetros. Bento Rodrigues está a 8,3 quilômetros e Santa Rita Durão, outro distrito da cidade histórica, a 9,7 quilômtros.
Veja as ruínas de Paracatu de Baixo
GARIMPO O Estado de Minas procurou o responsável direto pela empresa Fênix Mineração, Henrique Costa, mas ele não foi localizado. Segundo apurou o EM, ele também é dono de uma empresa de mineração de ouro na Guiana Francesa.
O engenheiro afirma, ainda, que a mineradora está seguindo as determinações da legislação de Minas Gerais e que só vai atuar se a Semad entender que é possível. “O desvio do rio é justamente para que a turbidez que vai ser gerada no processo não caia na água. Não haverá beneficiamento no local. Portanto, não existe risco de contaminação”, sustenta. Mello argumenta que, em um contexto de degradação causada pela lama, a empresa pode até exercer um papel de apoio na recomposição do meio ambiente, já que a previsão é que todo o material removido para abertura de 10 cavas a céu aberto seja usado para tampar os buracos, incluindo a própria lama da Samarco.
DEPOIMENTO
Guilherme Paranaiba, repórter
Desolação
“A visita ao Rio Gualaxo do Norte dois anos depois do rompimento da Barragem de Fundão me trouxe de volta o mesmo sentimento da época da tragédia. A marca da lama no alto de árvores distantes do leito do rio e a falta da vegetação protegendo as beiradas do manancial me relembraram o tamanho da devastação causada no local.