Jornal Estado de Minas

Ibama libera manejo de capivaras da Pampulha

O Ibama deu sinal verde para os trabalhos de esterilização das capivaras que vivem no entorno da Lagoa da Pampulha, um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte. No início da semana, técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente começaram a fazer o trabalho de dedetização da área externa, capina e limpeza de contêineres onde serão realizadas as cirurgias nos animais. As medidas estão sendo tomadas depois da morte de um homem de 42 anos, vítima de febre maculosa – doença transmitida pelo carrapato-estrela. Moradores comemoram o início dos trabalhos após ficarem apreensivos com a volta da doença.


Para fazer o manejo, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) precisava de um termo de referência e licença para o monitoramento e controle dos animais silvestres que é emitido pelo Ibama. Ontem, a PBH recebeu o aval do órgão, dizendo que o processo está dentro das normas prescritas. “Foi solicitado pelo órgão um novo censo populacional das capivaras a ser entregue em 60 dias, também foi sugerido adotar um outro tipo de identificação das capivaras, provavelmente será usado microchip”, afirmou a Secretaria por meio de nota. O Ibama confirmou a informação: “A autorização será emitida após o encaminhamento da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) dos profissionais responsáveis pela execução do manejo, bem como o Certificado de Regularidade do Cadastro Técnico Federal da instituição contratada e equipe técnica.”


A associação de moradores do Bairro Bandeirantes (APIBB), que no ano passado entrou com uma ação e uma petição para cobrar providências, mostrou-se favorável ao início dos trabalhos e as novas medidas adotadas pela PBH. Após anos convivendo com o impasse, agora a associação acredita em uma possível solução: “Para nós, moradores, o mais importante neste momento é que algo está sendo feito, porque até então a situação era de total abandono.

Moradores, infelizmente, deixaram de frequentar a orla há muito tempo. O máximo que fazemos é uma caminhada ou corrida, mas tudo muito rápido”, afirmou Adrienne Moore, diretora de comunicação da APIBB.

Para Adriana Araújo, coordenadora do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais, a medida adotada é vista com bons olhos por protetores animais. "Estamos esperançosos e satisfeitos com a iniciativa. A presença de capivaras no meio urbano é uma realidade em vários lugares no Brasil em decorrência da destruição de aquíferos, e precisamos conviver com elas", destacou Araújo, que é contra a retirada dos animais. De acordo com a coordenadora, as capivaras, que são animais semi-aquáticos, vivem imersas dois terços da vida. Com os grandes incêndios, muitos deles criminosos, elas precisam procurar outros lugares que se assemelhem com o habitat natural para viverem. 

 

Segundo a coordenadora, Minas Gerais é o segundo estado com maior número de mortes por febre maculosa no Brasil, atrás, somente, de São Paulo.

No entanto, a coordenadora explica que as capivaras não são os únicos hospedeiros do carrapato-estrela infectado pelo bactéria Rickettsia rickettsii. "As capivaras não devem ser culpadas pelo grande número de casos de febre maculosa. Cavalos, gatos, cachorros, galinhas e bois, além de tantos outros animais, também são hospedeiros de carrapatos", disse Araújo, que salientou que não é somente na Lagoa da Pampulha que as capivaras vivem. Além do cartão-postal, os animais podem ser encontrados na Cidade Administrativa e no Córrego do Onça com muita frequência. 

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