Jornal Estado de Minas

Crianças de Bento Rodrigues lançam livros sobre a tragédia de Mariana

No próximo domingo, 5 de novembro, quando se completarão dois anos da tragédia de Mariana, apontada como o maior desastre socioambiental do Brasil, alunos do 4º ano da Escola Municipal de Bento Rodrigues lançarão um box com cinco livros que relembrarão a tragédia, os costumes de vida, as características da cidade antes do rompimento das barragens da Samarco e as perspectivas para a reconstrução da nova Bento Rodrigues. 

Marcado para às 13h, o lançamento dos livros escritos por 10 estudantes de 9 a 10 anos será no Centro de Convenções de Mariana. Durante o evento, alunos da escola também montarão uma exposição da fauna e flora de Bento Rodrigues antes da tragédia e uma maquete mostrando como será a nova cidade.

“Essa ideia de escrever os livros surgiu da necessidade que nossos alunos têm até hoje, depois de dois anos da tragédia, de falar sobre o assunto. Não é todo dia que eles comentam, mas quando surge o assunto, a gente tem que parar a aula e deixar eles falarem. Como eles gostam de lembrar das coisas de Bento (Rodrigues) antes e de tudo que aconteceu, dei a ideia de escrever um livro contando as histórias até mesmo para que eles tenham isso registrado,” explicou Fátima Rezende, de 50 anos, professora que orientou o trabalho. 

Intitulado como “Bento: passado, presente e futuro”, o box tem dez histórias dividas nos cinco livros: “Brincadeira todo dia era a nossa alegria”, “Um lindo Bento existiu, mas a lama destruiu”, “Que o tempo nos traga um novo Bento”, “Bento, um lugar de encantos” e “Bento: meu lugar, meu lar”. 

O box será distribuído às pessoas que moravam em Bento Rodrigues e às famílias dos alunos. Ao todo, foram produzidos 250 boxes. “A ideia do projeto é mostrar Bento Rodrigues mostrando o passado, falando do presente e as perspectivas de futuro. Os alunos falam da vida na cidade e já imaginam como será o reassentamento das famílias, como serão as casas e toda a estrutura ( da cidade de Bento Rodrigues que será reconstruída),” contou a diretora da escola Heliene dos Santos, de 33. 

A produção dos livros foi feita com a orientação de professoras que fizeram a correção dos textos. As ilustrações também foram feitas pelos alunos e os custos de impressão, diagramação e produção gráfica ficaram a cargo da Fundação Renova, criada para gerir o reparo de danos aos atingidos pela tragédia. 

Desde o rompimento da tragédia, em 5 de novembro de 2015, os alunos da Escola Municipal de Bento Rodrigues não têm lugar fixo para as aulas.
“Eles estudaram na Escola Municipal Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida por um tempo e agora, desde 8 de maio, funcionamos em uma casa alugada no Bairro Vila do Carmo, onde eles (alunos) se sentem mais felizes e confortáveis,” disse Heliene dos Santos. 
 
*Sob supervisão do editor Benny Cohen

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