Janaúba – Uma angústia que parece não ter fim. Quase um mês depois de o vigilante Damião Soares dos Santos incendiar a creche Gente Inocente, em Janaúba, as famílias das vítimas ainda tentam entender os motivos do ato bárbaro que matou nove crianças e uma professora. O ataque ocorrido na manhã de 5 de outubro deixou em luto a cidade de pouco mais de 71 mil habitantes no Norte de Minas e marcou a vida de parentes, a maioria moradores de áreas de baixa renda da periferia da cidade, que ainda convivem com a incerteza sobre as indenizações do poder público sobre a tragédia.
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Desde de 18 de outubro, as atividades para os alunos da creche Gente Inocente foram reiniciadas em um prédio improvisado, cedido pela Secretaria Municipal de Saúde de Janaúba, onde de 66 crianças matriculadas, 44 retornaram às aulas. Em uma das salas da instituição está escrito em letras coloridas: “Criança. Festejamos a alegria da sua existência”.
DESABAFO Mas, para muitos pais, a dor da perda é uma sensação que jamais será superada. “Nem sei explicar. É uma dor que permanece, mas a vida tem de continuar. Não tem para onde correr”, declara a dona de casa Daniele de Oliveira Barros, de 34, ao falar da saudade da filha Thallyta Vitoria Bispo de Oliveira Barros, de 4, morta na tragédia da Gente Inocente. Thallyta teve queimaduras de segundo e terceiro graus por quase todo o corpo e foi encaminhada para o Hospital João XXIII, em BH, mas não resistiu e morreu dois dias depois da tragédia. “Não queria que minha filha continuasse sofrendo, com mais de 70% do corpo queimado.
Mãe de Mateus Felipe Rocha Santos, de 5, que também perdeu a vida na tragédia da creche Gente Inocente, a balconista Valdirene Santos, de 39, afirmou que, aos poucos, vem tentando retomar a vida. Ela recebeu três salários mínimos, oriundos das doações para as vítimas, que vieram de todas as partes do Brasil. “Sei que a doação foi feita por pessoas de bom coração. Vamos gastar uma parte no túmulo do meu filho”, comentou. Assim como muitos outros parentes das vítimas, diz ainda aguardar indenização da prefeitura.
Fernanda Conceição Rodrigues, de 34, diz que os últimos dias foram os mais difíceis desde a morte do filho único, Luiz Davi Carlos Rodrigues, de 4. “Os outros dias do mês que passou parecem que foram piores do que o próprio acontecimento”, afirma. Desde o dia do incêndio, a única mudança que a tem ajudado, segundo Fernanda, foi ter conseguido arrumar um emprego..