Bento Rodrigues – Eram 19 cruzes brancas, com nomes e sobrenomes escritos em preto, cada uma representando uma vida destruída, há exatos dois anos, pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, na Região Central, a maior tragédia socioambiental da história do Brasil. Com os olhos traduzindo dor, pedido de Justiça e muita esperança, amigos e parentes das vítimas do subdistrito de Bento Rodrigues, o mais afetado, e de outros da região prestaram homenagem à memória dos mortos, durante missa celebrada, no início da tarde de ontem, num espaço que representa a própria alma da comunidade: as ruínas da Igreja de São Bento, padroeiro local e cuja imagem do século 18 nunca foi encontrada.
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Da 'Guerra Justa' ao fim da crença no Rio Doce: uma linha do tempo'Agora o rio corre calado': como a barragem de Mariana destruiu a fé de um povo Repórteres e fotógrafos do EM falam sobre cobertura especial de 2 anos da tragédia de MarianaCanteiro de obras para construção do novo Bento Rodrigues é implantadoCancelada a reunião que discutiria projeto urbanístico para a nova Bento Rodrigues, em MarianaCrianças de Bento Rodrigues lançam livros e falam sobre o futuroApós cântico de hinos, o padre Geraldo Barbosa, a Arquidiocese de Mariana, foi até o altar e disse que a missa trazia a memória de dois anos de conflitos, de angústia e esperança. “Temos que olhar para a frente, não apenas em Minas, mas em todas as localidades afetadas ao longo do Rio Doce, até o Espírito Santo”. A emoção permeou toda a cerimônia, assim como o sentimento de decepção das famílias de Bento Rodrigues, que, conforme eles, até hoje não foram atendidas em seus anseios, principalmente quanto à construção das novas casas e o reassentamento. Carregando o primeiro objeto sacro, um crucifixo de metal, encontrado por ele na lama que vazou da barragem da mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP Billinton, o zelador do templo, Filomeno da Silva, de 83, lembrou que a peça é um símbolo de luta e esperança.
SEGURANÇA Em nota, a Fundação Renova informou que não houve empecilhos, mas preocupação com a segurança. E que “ofereceu toda a estrutura externa para a realização da missa, disponibilizando fornecimento de água, banheiros químicos e de ambulância”. E mais: Laudo técnico foi enviado para a Arquidiocese de Mariana, para o Ministério Público de Patrimônio, para a Defesa Civil e para a Comissão dos Atingidos de Mariana, informou sobre a existência de riscos. “Paralelamente, a Renova ofereceu estrutura de tendas e altar do lado externo. Mas os moradores optaram por assumir a responsabilidade e realizar a missa no interior (da igreja).
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