Criminosos comandados por uma facção paulista, que assaltaram uma transportadora de valores no Triângulo Mineiro e se refugiaram em Goiás; ladrões da Bahia que miravam um banco no Vale do Jequitinhonha, mas acabaram sendo interceptados pela polícia mineira. As últimas ofensivas do crime organizado contra instituições financeiras deixam evidente que Minas está no alvo de quadrilhas não apenas sediadas em estados vizinhos, mas que também se refugiam em outras unidades da federação após atacar, mostrando a necessidade de empenho de forças de segurança federais em crimes do tipo. E foi exatamente em uma atuação conjunta entre autoridades estaduais e a Polícia Federal que foram presos os primeiros acusados de atuar no assalto de proporções inéditas à empresa Rodoban, ocorrido em Uberaba na madrugada de segunda-feira.
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Integrantes de quadrilha que fez roubo milionário em Uberaba são presos em GoiásAssaltantes podem ter roubado até R$ 20 milhões de empresa em UberabaAssalto a banco mobiliza polícia no Bairro Eldorado, em ContagemAssalto à Rodoban em UberabaPreso trio suspeito de ter ligação com grupo que cometeu roubo milionário em UberabaRecibo de compra levou polícia até suspeitos de roubo milionário em UberabaPolícia troca tiros com suspeitos de roubo milionário em UberabaOficiais de Justiça são presos em operação do TJMG em MinasCriminosos tentam explodir banco e Correios de PitanguiBombeiros resgatam homem que tentava pular de prédio em Divinópolis; veja o vídeoBandidos explodem caixa eletrônico em banco de Mateus LemePara o coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, Robson Sávio, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a facilidade de acesso a armamento de grossos calibres e a deficiência no controle de explosivos vêm facilitando a atuação de grupos do tipo. “Com a grande disponibilidade de armamentos pesados Brasil afora, há uma facilidade maior da montagem desses bandos.
Segundo o especialista, as quadrilhas migram entre estados procurando oportunidades de agir. “Há uma certa sazonalidade. Esses grupos atuam em determinados locais e, à medida que as forças policias diminuem a segurança, começam a atacar os alvos. São grupos bem organizados e com grande poder de ataque”, destaca.
OUSADIA Essa situação ficou evidente na última segunda-feira, em Uberaba. Em uma ação ousada, criminosos fortemente armados atacaram transportadora Rodoban, que acumulava dinheiro desde a quarta-feira anterior, devido ao feriado de 2 de novembro. Após montar barricadas com veículos e pneus em chamas, fechar ruas com correntes, estourar transformadores de energia à bala e sitiar o 4º Batalhão da Polícia Militar local, os ladrões explodiram parte da sede da empresa, de onde teriam levado aproximadamente R$ 20 milhões, segundo fontes extraoficiais – o valor não foi informado pela companhia nem pela polícia.
Os primeiros acusados de integrar a quadrilha foram presos depois de troca de informações entre o Serviço de Inteligência da Polícia Militar de Goiás, a Polícia Federal, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná e forças policiais de Minas Gerais. A partir desse trabalho, por volta do meio-dia de ontem agentes do Grupo de Radiopatrulha Aérea (Graer) goiano conseguiram localizar três suspeitos.
Foram presos Agnaldo Francisco da Silva Pereira, conhecido como Magna; Anderson Manoel de Souza, o Nativa; e Camila Pereira da Silva, mulher de Magna.
VIDA DE LUXO Segundo o major, a mulher de Magna confessou ter levado integrantes do bando e seu companheiro para Uberaba em 3 de novembro e, depois do assalto, ter buscado os criminosos. Ainda de acordo com Batista, os presos indicaram que as armas teriam sido levadas para São Paulo depois do crime, mas não disseram para onde exatamente. Em Caldas Novas, cidade em que foram presos, os três levavam uma vida de luxo. “Com a identidade falsa, Magna comprava imóveis e veículos. Levava uma vida de empresário bem-sucedido, com casas de alto padrão e carros caros”, comentou o major.
A Secretaria de Segurança Pública de Minas informou que não comentaria as prisões em Goiás. Já a Polícia Civil mineira, sob o argumento de não prejudicar as investigações, se limitou a confirmar as detenções no estado vizinho e a informar que o grupo criminoso alugou uma chácara em Uberaba antes do ataque à Rodoban.
Cerco e enfrentamento a criminosos das Bahia
A Polícia Civil mineira vai investigar se criminosos que foram mortos durante uma troca de tiros com policiais próximo a Almenara, no Vale do Jequitinhonha, têm relação com quadrilhas baseadas em Minas Gerais. O grupo era procurado desde sábado, quando alguns de seus integrantes foram interceptados pela Polícia Militar antes de atacar agências bancárias na região. Foram apreendidos com o bando dois fuzis 7.62, modelo Ak 47, uma submetralhadora, uma espingarda calibre 12, três pistolas 9mm, uma pistola .40, além de material explosivo, 13 placas de colete balístico e munição de diversos calibres.
As buscas começaram na madrugada de sábado, quando uma guarnição do Tático Móvel de Almenara passou por uma estrada de Rio Prado, cidade vizinha, e avistou um Uno com placas de Porto Seguro (BA) escondido às margens da pista. Segundo a PM, ao ser abordado pelos militares o condutor se mostrou nervoso e confuso.
Desconfiados, os militares pediram um bloqueio na região para tentar encontrar outros integrantes da quadrilha. Durante o cerco, um veículo preto passou em alta velocidade pelos policiais em Rubim, o que deu início a uma perseguição. Segundo a PM, durante o trajeto os ocupantes do carro dispararam contra os militares, possivelmente com fuzis e metralhadoras, mas conseguiram abandonar o automóvel e escapar.
Na manhã de ontem, parte do grupo foi encontrado em um matagal próximo a Rubim. “Nesta manhã, um dos integrantes foi preso e localizado em um esconderijo. A PM encontrou cinco homens em um matagal e houve troca de tiros. Cinco foram alvejados, dos quais quatro morreram.
Banco assaltado em Contagem
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ladrões atacaram uma agência do Banco Mercantil do Brasil na Avenida João César de Oliveira, uma das mais movimentadas de Contagem, na manhã de ontem. Os criminosos fugiram com dois malotes de dinheiro depois de entrar no prédio de madrugada, por uma construção vizinha. Os ladrões se esconderam até a entrega de dinheiro ao banco por uma transportadora de valores, e fugiram com dois dos três malotes que haviam sido entregues. Não houve troca de tiros ou feridos, conforme a PM.