Jornal Estado de Minas

Recibo de compra levou polícia até suspeitos de roubo milionário em Uberaba


Um cartão e um recibo de compra encontrado por um popular em uma das ruas na zona rural de Uberaba, na Região do Triângulo Mineiro, depois do ataque a empresa de valores foram os principais elementos que levaram a polícia até três pessoas suspeitas de participar da ação. Elas foram presas nessa terça-feira em Caldas Novas, em Goiás. De acordo com o delegado-chefe do 5º Departamento de Polícia Civil, Heli Andrade, o pedido de transferência do trio para Minas Gerais já foi encaminhado para a Justiça. Os detalhes sobre a investigação foram repassados à imprensa durante uma entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta-feira. O comandante da 5ª Região de Polícia Militar (RPM), Lupércio Peres, também esteve presente.

A prisão dos três integrantes da organização criminosa aconteceu depois de uma ação conjunta de diversas forças policiais do país. Ela teve início depois que uma pessoa encontrou um cartão e um recibo de compras de uma corrente de aproximadamente 20 metros e cadeados em uma loja de Araguari, também no Triângulo Mineiro. O material foi colocado em postes para evitar a chegada de policiais no dia do ataque.

“Através desta compra conseguimos levantar junto com a PM, da polícia do Paraná e Polícia Federal (PF), a identificação e a localização desses autores.
Um deles, já tinha uma condenação de mais de 40 anos de prisão no Paraná”, explicou o delegado. As informações foram repassadas para o Grupo de Radiopatrulha Aérea (Graer) que conseguiu chegar até os três criminosos. Foram presos Agnaldo Francisco da Silva Pereira, vulgo Magna, Anderson Manoel de Souza, conhecido como Nativa, e Camila Pereira da Silva, mulher de Magna.

Nessa terça-feira, policiais que fizeram a prisão dos autores afirmaram que eles confessaram o crime. Inclusive, segundo a PM, Camila informou que levou o grupo para Uberaba no dia 3 deste mês e depois voltou para buscá-los após o crime. Com eles foi encontrado mais de R$ 240 mil, e 14 celulares. Os policiais alegaram que Magna vivia em uma casa luxuosa e tinha diversos carros de luxo.


De acordo com o delegado Andrade, o pedido de transferência para Minas Gerais já foi feito. A expectativa que até quinta-feira tenha uma decisão sobre o caso. Ainda será investigado se eles pertence a uma organização criminosa que atua em São Paulo. Mas, já há indícios que os ligam a facção. “Pelo que conversamos com o dois homens presos ontem (terça-feira), um deles cumpriu cadeia junto com um dos líderes da facção paulista. Mas ainda vamos averiguar. O que não tem dúvida é que se trata de uma organização criminosa”, concluiu o delegado.



Questionado sobre os motivos que levaram a polícia a não entrar em confronto com os criminosos no dia do ataque, o delegado ressaltou que foi para evitar que algum morador ficasse ferido. “A forma como praticaram os delitos em Uberaba foi de uma forma diferenciada.
Hoje nós sabemos que eles têm uma ousadia tremenda, colocando muita gente em risco. A polícia não podia fazer nada de diferente, desde momento que fomos acionados, por volta de 3h20, qualquer enfrentamento seria prejudicial a vida. O que temos mais que preservar é a vida do ser humano”, completou.

As buscas por outros integrantes da quadrilha continuam. No início da tarde desta quarta-feira, policiais civis trocaram tiros com suspeitos do assalto em Conceição de Alagoas, que fica a 66 quilômetros da cidade onde aconteceu o crime. Um homem foi preso. Porém, ainda será investigado se ele participou do ataque ou foi dar apoio ao grupo.

O assalto

Moradores de Uberaba foram surpreendidos pela ação ousada dos criminosos na madrugada de segunda-feira. A ofensiva teve tiros de fuzil, transformadores de energia elétrica estourados à bala, barricadas com carros e pneus queimados, correntes e “miguelitos” (objetos perfurantes para estourar pneus), tudo para barrar a reação policial. Somente depois de duas horas de cerco sob fogo as forças de segurança foram capazes de montar bloqueios nas saídas da cidade, o que não evitou a fuga do bando de aproximadamente 20 homens.


A investida teve início às 3h e terminou às 5h15. Uma pessoa se feriu e bairros inteiros ficaram sem energia elétrica. O grupo roubou uma quantia que pode chegar a R$ 20 milhões segundo fontes extraoficiais – o valor não foi informado pela empresa nem pela polícia. Buscas seguem em cidades do Triângulo Mineiro e em outros estados que fazem fronteira. .