Congonhas – A apenas 250 metros de um maciço de quase 80 metros de altura que retém 9,2 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, a aposentada Olga Araújo, de 69 anos, não arreda pé da casa onde vive com o marido há 10 anos. Moradora do Bairro Eldorado, ela tem sua casa como a primeira na linha de alcance de um eventual rompimento da Barragem de Casa de Pedra, em Congonhas, caso o pior ocorra no barramento do município da Região Central de Minas Gerais. “Nunca nos falaram nada, nem nos orientaram. A gente ouve dizer sobre os problemas, que a barragem pode romper. Assiste o que teve em Mariana, mas não quer acreditar. Não dorme, mas sonha que se tiver um barulho estranho, vamos destruir a parede de onde dormimos, no segundo andar, e fugir”, afirma.
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O movimento de operários nos dois pontos da barragem sob observação é intenso e não para por um minuto. Inclusive nos montes naturais onde a Barragem de Sela se apoia, tratores, escavadeiras, motoniveladores e outros equipamentos pesados tentam reforçar e conformar as contenções. No maciço principal da barragem, no entanto, não há obras ou indicação de problemas graves, mas não se sabe se um eventual rompimento do dique poderia afetar essa estrutura, agravando ainda mais a situação da contenção dos rejeitos e a segurança da comunidade. O primeiro a ser atingido por um eventual rompimento de potencial catastrófico seria o Rio Maranhão, afluente do Alto Rio das Velhas, que deságua no Rio Paraopeba e pode atingir e o Rio São Francisco em caso de desastre.
Vivendo na beira do Rio Maranhão, o autônomo Marinho Manoel da Silva Azevedo, de 43 anos, diz não ter sossego desde que se mudou. “Quando chove, as enchentes normais já nos causam problemas, como inundações. Se uma barragem dessas estourar, acabou para mim, que moro aqui com meu filho.