Congonhas e Ouro Preto – A preocupação com a segurança das barragens do Vigia e Auxiliar do Vigia, da Nacional Mineração (Namisa), entre Congonhas e Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, é constante desde o vazamento ocorrido em 2008, após fortes chuvas. Em atas do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Copam) consta que ocorreu “um rompimento na barragem Auxiliar do Vigia que atingiu o Bairro Santa Mônica”, em Congonhas, bem como comunidades das partes mais baixas e sitiantes do Mota (Ouro Preto), do Pires (Congonhas) e às margens de rios que receberam esse grande volume de água nas suas calhas. De acordo com os dados do monitoramento de estabilidade de barragens da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), o barramento principal, que é a Barragem do Vigia, tem uma represa com 25 metros de altura, contendo 1,2 milhão de metros cúbicos (m³) de rejeitos, enquanto a Vigia Auxiliar reserva quatro milhões de m³ atrás de seu maciço de 33 metros de altura. A população local também não consegue dormir tranquila, sobretudo nas noites chuvosas, já que a drenagem é um dos fatores mais críticos numa barragem de rejeitos sob forte precipitação.
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Mais duas comunidades temem ser soterradas em caso de rompimento de barragens Ministério do Trabalho determina interdição da Barragem Casa de Pedra, em CongonhasEstado cria plano de ação contra risco na Barragem Casa de Pedra, em CongonhasVizinhos da Barragem Casa de Pedra, em Congonhas, têm medo e insôniaJustiça retoma ações em Mariana; população pede manutenção de bombeiro que apontou riscoAtivistas marcam manifestação por capitão que falou sobre risco em barragem de CongonhasChuva da madrugada em BH tem o maior volume do mês de novembroAlerta sobre estabilidade da Barragem Casa de Pedra não é de hojeAs residências afetadas na inundação passada foram demolidas e engolidas por uma mata densa que se tornou parte do terreno da empresa. Essa área perdeu suas trilhas e caminhos, sendo cercada por mourões e arames farpados. Placas de metal da Namisa alertam que a propriedade das terras é da mineradora e que há monitoramento da segurança patrimonial. “Mudou muita gente que vivia nas partes mais baixas, perto do rio e da estrada. Naquela época, a água não chegou a afetar a parte alta.
EMPILHADO Das ruas de terra da comunidade de poucas casas no alto de um pequeno morro se vê nitidamente os degraus do barramento construído com técnica de alteamento a montante, ou seja, o rejeito vai sendo empilhado sobre mais rejeitos no sentido da entrada de material do reservatório. Essa é uma das técnicas menos seguras de construção e que exige monitoramento constante. De acordo com moradores próximos ao empreendimento, uma sirene tem sido testada no local, mas como ninguém da empresa falou nada, em vez de ajudar isso trouxe mais apreensão. “Trouxeram uma sirene, andaram fazendo estudos. A gente ficou foi com mais medo porque ficamos sem saber o que está acontecendo. Apareceu até gente aqui dizendo que era da CSN e que queria comprar as nossas casas para tirar a gente da área da barragem”, disse o pedreiro Marcos Lúcio da Silva, de 48, também morador do Mota.
Em dezembro do ano passado, um novo susto.