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Estado de Minas

Chuva torna mais crítica situação de barragens em Ouro Preto e Congonhas

Ampliação preocupa moradores, que ainda guardam na lembrança o vazamento ocorrido em 2008, após forte período chuvoso


postado em 12/11/2017 06:00 / atualizado em 12/11/2017 07:41

José Pinto Pimenta, de 66 anos, morador da comunidade do Mota:
José Pinto Pimenta, de 66 anos, morador da comunidade do Mota: "Mudou muita gente que vivia nas partes mais baixas, perto do rio e da estrada. Naquela época, a água não chegou a afetar a parte alta. Foi muito difícil e nós todos aqui ficamos ilhados. Um rompimento atualmente seria bem pior do que isso, porque as barragens foram ampliadas" (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Congonhas e Ouro Preto
– A preocupação com a segurança das barragens do Vigia e Auxiliar do Vigia, da Nacional Mineração (Namisa), entre Congonhas e Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, é constante desde o vazamento ocorrido em 2008, após fortes chuvas. Em atas do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Copam) consta que ocorreu “um rompimento na barragem Auxiliar do Vigia que atingiu o Bairro Santa Mônica”, em Congonhas, bem como comunidades das partes mais baixas e sitiantes do Mota (Ouro Preto), do Pires (Congonhas) e às margens de rios que receberam esse grande volume de água nas suas calhas. De acordo com os dados do monitoramento de estabilidade de barragens da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), o barramento principal, que é a Barragem do Vigia, tem uma represa com 25 metros de altura, contendo 1,2 milhão de metros cúbicos (m³) de rejeitos, enquanto a Vigia Auxiliar reserva quatro milhões de m³ atrás de seu maciço de 33 metros de altura. A população local também não consegue dormir tranquila, sobretudo nas noites chuvosas, já que a drenagem é um dos fatores mais críticos numa barragem de rejeitos sob forte precipitação.

As residências afetadas na inundação passada foram demolidas e engolidas por uma mata densa que se tornou parte do terreno da empresa. Essa área perdeu suas trilhas e caminhos, sendo cercada por mourões e arames farpados. Placas de metal da Namisa alertam que a propriedade das terras é da mineradora e que há monitoramento da segurança patrimonial. “Mudou muita gente que vivia nas partes mais baixas, perto do rio e da estrada. Naquela época, a água não chegou a afetar a parte alta. Foi muito difícil e nós todos aqui ficamos ilhados. Um rompimento atualmente seria bem pior do que isso, porque as barragens foram ampliadas”, disse um dos moradores da comunidade do Mota, o motorista José Pinto Pimenta, de 66 anos.
Marcos Lúcio da Silva, de 48 anos, também morador do Mota:
Marcos Lúcio da Silva, de 48 anos, também morador do Mota: "Trouxeram uma sirene, andaram fazendo estudos. A gente ficou foi com mais medo porque ficamos sem saber o que está acontecendo" (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

EMPILHADO
Das ruas de terra da comunidade de poucas casas no alto de um pequeno morro se vê nitidamente os degraus do barramento construído com técnica de alteamento a montante, ou seja, o rejeito vai sendo empilhado sobre mais rejeitos no sentido da entrada de material do reservatório. Essa é uma das técnicas menos seguras de construção e que exige monitoramento constante. De acordo com moradores próximos ao empreendimento, uma sirene tem sido testada no local, mas como ninguém da empresa falou nada, em vez de ajudar isso trouxe mais apreensão. “Trouxeram uma sirene, andaram fazendo estudos. A gente ficou foi com mais medo porque ficamos sem saber o que está acontecendo. Apareceu até gente aqui dizendo que era da CSN e que queria comprar as nossas casas para tirar a gente da área da barragem”, disse o pedreiro Marcos Lúcio da Silva, de 48, também morador do Mota.

Em dezembro do ano passado, um novo susto. A CSN acionou a mineradora vizinha, Vale, por ter detectado que um grande volume de água barrenta ingressou na Barragem do Vigia, vindo do sistema de drenagem da Mina de Fábrica, mas que não causou prejuízos. De acordo com a CSN, não ocorreu rompimento da barragem em 2008, mas “um galgamento (transporte de massa de água sobre o coroamento da barragem) na barragem principal, que foi contido pela barragem de contenção e não provocou danos estruturais ou ambientais. A empresa cumpriu todas as determinações sobre o ocorrido no período”.


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