Após cinco meses suspensa, foi retomada ontem a tramitação da ação penal que trata dos crimes decorrentes do rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas. O processo havia sido paralisado em julho após a defesa de dois dos 21 réus alegarem supostas irregularidades em provas juntadas ao procedimento judicial, sob alegação de excesso de prazo no período de monitoramento telefônico de pessoas citadas, além de violação à privacidade dos réus. Em novembro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou 21 pessoas pelo rompimento da barragem, em 5 de novembro de 2015. Elas respondem por homicídio qualificado, com dolo eventual – quando se assume o risco de cometer o crime – por causa das 19 mortes ocorridas no acidente.
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Manifestação
Após a assinatura de documento autorizando a transferência do capitão que alertou sobre o risco de rompimento da Barragem Casa de Pedra, em Congonhas, a população da cidade da Região Central de Minas se mobilizou contrária à decisão do alto-comando do Corpo de Bombeiros. Ontem, cerca de 100 pessoas protestaram na porta da prefeitura. A mudança dele da 2ª Cia Independente de Conselheiro Lafaiete, que atende a Congonhas, para a 2ª Cia Independente de Barbacena, na mesma região, está prevista em documento assinado pelo comandante-geral da corporação, coronel Cláudio Roberto de Souza.
“O capitão falou que há um risco. Só que em vez de resolverem o problema e nos dar segurança, tiraram ele do cargo. Vamos perder mais uma pessoa que nos defende? Não acho isso justo”, reclamou o controlador de tráfego e frotas Alexandre Martins Alves, de 26 anos, morador do Bairro Residencial, em Congonhas, uma das localidades ameaçadas pela barragem.
O prefeito de Conselheiro Lafaiete, Mário Marcus (DEM), usou as redes sociais para apoiar a permanência do capitão. “Senti a insatisfação do povo de Lafaiete com as notícias da transferência do capitão e me manifesto favorável à permanência do nosso comandante.” O prefeito de Congonhas, José de Freitas Cordeiro (PSDB), também informou à população sobre a permanência do capitão Ronaldo e sobre o posicionamento do coronel Cláudio Roberto de que a possível futura transferência nada teria a ver com o caso da barragem..